2 Sinais, Observáveis nas Retrospectivas, para Identificar a Evolução de uma Equipe

No processo evolutivo de qualquer equipe ela passar por fases de formação, descrevi sobre este assunto no post “O mundo entrou no estágio de Forming, e agora?“. Grupos de trabalho, equipes, times ou Squads, como preferir chamá-los, atravessam diversos momentos.

Sinal 1 – Durante a retrospectiva o há entendimento das relações sociais

Evolução como grupo, o 1º sinal de evolução é o entendimento das relações sociais, criando um equilíbrio entre a liderança e a subordinação emergentes (espaço disponível para liderar e ser liderado de forma emergente). 

Pode-se dizer que há um conflito entre o “eu” individual e o “eu” coletivo (o “eu” na sociedade). Com atividades de team building, as relações sociais tendem a melhorar, assim como o ambiente de confiança, propiciando mais discussões.

E este é o sinal número 1: até que ponto as pessoas são capazes de expressar em público o que, a princípio, diriam apenas em privado? Se estão falando abertamente, sem raiva, de forma clara e com intenção de evoluir, essa equipe está promovendo um ambiente seguro e eliminando a ambiguidade. Estamos, portanto, no caminho para melhorar nossos processos e relações pessoais. Sim, pessoas abertas ao diálogo melhoram a forma de trabalhar, respeitando as individualidades. 

A falsa harmonia cai por terra e ocorre a participação ativa na melhoria de processos. 

Sinal 2 – Durante a retrospectiva há discussão técnica

Discussão técnica durante esse processo de evolução, as pessoas da equipe estão conversando sobre questões técnicas? Elas debatem padrões? Estão atentas ao que os colegas e outras empresas estão fazendo? Ou estão presas ao “mais do mesmo”? 

Na minha experiência, para uma equipe atingir verdadeiramente a performance, em algum momento de sua jornada, essa equipe precisa discutir sobre os padrões de qualidade e sobre qual é a melhor forma de realizar as tarefas técnicas para aquele projeto, produto ou serviço. 

Entenda que essa não é uma discussão simples, pois ela desafia o ego, na linha de – “Você está dizendo que meu trabalho está ruim? Faço assim há X anos”. 

Imagem de uma retrospectiva de um time. Sendo uma casa feita pela equipe em uma dinâmica.
Figura 01: Retrospectiva “O que nós estamos construindo?

Quando a equipe aceita e discute padrões técnicos, o resultado passa a ser exponencial. Este é um marco importante na evolução de qualquer equipe, pois indica um alto nível de maturidade e comprometimento com a qualidade do trabalho.

A figura 01, é um exemplo de retrospectiva, utilizada em uma equipe para auxiliar nessa discussão. O desenho foi feito, pela equipe, e durante o processo de construção houve falhas e isso foi usado como contexto, “Dado que em um desenho precisamos fazer mudanças e somos capazes de melhorar, imagina no nosso trabalho”.

A adoção de padrões técnicos comuns facilita a comunicação dentro da equipe, pois todos passam a falar a mesma “linguagem”. Isso reduz a possibilidade de mal-entendidos e melhora a eficiência do trabalho em equipe. Além disso, quando todos na equipe entendem e seguem os mesmos padrões, torna-se mais fácil para qualquer membro da equipe trabalhar em qualquer parte do projeto. Isso aumenta a flexibilidade da equipe e permite que ela se adapte mais facilmente às mudanças.

Além disso, a discussão e adoção de padrões técnicos também demonstram um forte sentimento de propriedade e responsabilidade entre os membros da equipe. Quando os membros da equipe se sentem como “donos” do trabalho, eles tendem a ter um maior comprometimento com a qualidade e sucesso do projeto.

Por fim, a coesão social dentro da equipe também é fortalecida. A discussão de padrões técnicos pode ser um processo desafiador que requer que todos os membros da equipe compartilhem suas opiniões e cheguem a um consenso. Este processo pode fortalecer os laços entre os membros da equipe e promover um ambiente de trabalho mais colaborativo e harmonioso.

Portanto, a discussão e adoção de padrões técnicos é um sinal claro de que uma equipe está no caminho certo para alcançar um alto desempenho

Como fazer as equipes pensarem nisso? 

Gosto de enfatizar que a chave principal para a mudança reside nas ações de liderança das pessoas. 

Costumo dizer que a grande chave para a mudança, está nos atos de liderança. Para isso, é necessário gerar insumos por meio das cerimônias ou cadências de melhoria contínua, comumente conhecidas como retrospectivas. Na minha visão, o poder das cerimônias de retrospectivas é frequentemente subestimado.

Com o intuito de desmistificar e valorizar essa prática, desenvolvi, em parceria com meu colega Tadeu Marinho, um treinamento que apresenta nossas experiências e métodos para levar nossas equipes a atingirem alta performance. O foco desse treinamento é o processo de verdadeira melhoria contínua, utilizando retrospectivas eficazes e contextualizadas.

Se quiserem aprofundar-se no tema, recomendo a leitura de um artigo que trata sobre o  Retrô Poker, uma técnica como escolher a retrospectiva. Essa ferramenta pode ser um diferencial para sua equipe, potencializando a eficácia das retrospectivas e garantindo que estejam alinhadas ao contexto da equipe.

Sobre o autor(a)

Agile Expert e Trainer na K21

Agile Expert e Trainer na K21, Samuel é Engenheiro de Computação e Especialista em Engenharia de Sistemas. Descobriu ser apaixonado por trabalhar com pessoas, comunidades e cultural organizacional. Atuou em várias áreas destacando-se como professor universitário, analista em educação no Senac e até mesmo como empreendedor em startups, sempre aplicando conceitos de agilidade. Em 2013 mudou a carreira para atuar como Scrum Master, desenvolvendo competências de facilitação de equipes, gestão de conflitos, coaching e gestão estratégica. Em 2016 entrou na K21 e desde então vem dedicando-se exclusivamente como Agile Expert e Trainer.

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