De tempos em tempos surge a ideia sobre a morte da agilidade. No início de 2019, escrevi o artigo: Ágil está morto! The Walking Dead da agilidade. Ali eu escrevi que é uma afirmação fácil de ser feita, pois seria difícil avaliá-la.
Neste artigo
Sucessão de métodos
Quando eu comecei a trabalhar com informática, o modelo que todos utilizavam para desenvolver software era o Cascata que Walker Royce criou em 1970. No final dos 90 comecei a utilizar o Rational Unified Process (RUP) que se tornou o padrão de fato. Até que no início dos anos 2000 o Project Management Book of Knowledge (PMBOK) entrou no mundo de projetos, incluindo software, e tomou o lugar do RUP. Finalmente saindo dos anos 2000 e início dos anos 2010, os Métodos Ágeis foram fazendo o caminho inverso do PMBOK, começando com projetos de software indo em direção a outros tipos de projeto.
Levou algum tempo, porém o Ágil se tornou o padrão para construção de projetos, produtos e serviços. Pode parecer estranho, mas há algum tempo você colocar no currículo que conhecia Scrum, Kanban ou XP era um diferencial. Hoje, basta deslizar o feed do LinkedIn para saber que a agilidade tornou-se conhecimento básico na área de produtos e inovação.
Será que o Ágil morreu mesmo?
Se você reparar no relato anterior a “morte” de um método é normalmente a consequência da chegada de um novo método que resolva os problemas de uma forma mais eficaz. Como o Marcos Garrido costuma a dizer:
Não há nada para colocar no lugar do Ágil
Marcos Garrido
De fato, falar que o Ágil morreu sem oferecer uma alternativa é uma afirmação um tanto vazia. As empresas se baseiam em métodos e se alguém quiser tirar a agilidade, seja qual for (Scrum, Kanban, XP, Scrumban… ) terá que oferecer algo em troca.
A vida continua, agora com a Inteligência Artificial (IA)
Entretanto é importante notar que há um futuro se desenhando bem na nossa frente. O trabalhador do conhecimento não está mais sozinho. Antes precisávamos confiar no nosso conhecimento ou no conhecimento coletivo das pessoas envolvidas na construção do produto ou serviço. Hoje esse conhecimento é estendido pela IA.
Hoje, 9/2/2024, trabalhar com Inteligência Artificial ainda pode ser um diferencial, mas em breve será um padrão.
No TRE-RJ, temos utilizado a IA para resolver problemas técnicos e oferecer soluções mais inteligentes tanto para o público interno quanto externo. O mais interessante é que temos utilizado a IA para criar os nossos backlogs. Ela auxilia na identificação de funcionalidades em soluções similares e também nos alerta com possíveis falhas que podemos causar com o nosso produto.
Além disso, ela tem sido uma parceria interessante na leitura dos dados de eficiência dos meus times. Antes eu perdia um bom tempo fazendo a ferramenta e o SQL exibir informações que eu acreditava relevantes. Hoje, com um contexto criado, dados fornecidos, basta perguntar coisas como: Onde está o gargalo no fluxo de trabalho? A IA dá uma boa resposta.
O copiloto continua precisando de um piloto
A IA auxilia muito no trabalho. Todavia ela não faz todo o trabalho. Por exemplo, quando eu pergunto para ela onde está o gargalo no fluxo e ela fornece uma resposta, o objetivo é que ela me direcione para que eu reduza o escopo de análise. Ainda requer alguma análise, pois há algumas informações que eu tenho e não forneci para a IA (ausências, banco de horas, férias) e outras que ela “desconsidera”.
A mesma coisa acontece com a criação do backlog. Por vezes as sugestões são caras, tecnicamente complexas ou muito esforço para um resultado que ainda não fica claro. A frase do Rodrigo de Toledo é muito boa:
O seu humano é soberano à ferramenta.
Rodrigo de Toledo
A IA é a co-pilota, mas você continua sendo o / a responsável pelo vôo.
Conclusão
Acredito que em breve não haverá trabalho do conhecimento que não utiliza Inteligência Artificial em algum grau. Isso inclui todo o mundo da agilidade e seus papéis de Scrum Master, Product Owner, Product Manager e Desenvolvedores. É um caminho sem volta.
Visto isso, afirmo que o Ágil não morreu. Ele agora é feito com auxílio da Inteligência Artificial. Por enquanto, o futuro visível é esse: Ágil + IA. Agilia 😊