Estava ruim, agora parece que piorou. A Curva J explica.

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Fonte do vídeo: https://youtu.be/VX3lz5ph8A0

Imagine a situação, seu time recebe um monte de reclamações porque está levando mais de 30 dias para realizar uma entrega. Vocês fazem uma retrospectiva e verificam que a etapa de entrega está muito lenta e engargalando todo o fluxo de trabalho. Essa entrega era feita por outro time, logo, para o seu fluxo, era uma dependência externa. Após uma revisão de fluxo, saiu como ação de melhoria incorporar um membro do time de entrega ao seu time com objetivo de reduzir esse tempo de entrega.

Passados quinze dias, foi feita uma nova retrospectiva para avaliar os resultados. Agora, o tempo de entrega supera 35 dias. O que aconteceu? Vamos desfazer tudo? Como uma solução que deveria aumentar a eficiência, piorou tudo?

O impacto da mudança não é imediato 

Nós tendemos a acreditar que uma vez que aplicamos uma mudança de melhoria, ela já deve dar resultados no minuto seguinte. Infelizmente não é assim que funciona. Enquanto em alguns casos a melhoria pode ser percebida em poucos dias, outros levarão semanas ou meses para serem percebidos. 

Por exemplo, a mudança das cores dos itens de trabalho para identificarem o Tipo da Demanda mais facilmente deve apresentar um resultado muito mais rápido do que a adoção de uma nova ferramenta para gestão do fluxo de trabalho.

A Curva J

A curva J apresenta justamente o problema que temos quando fazemos alguma mudança no nosso trabalho. No início é normal que haja uma queda na performance para depois percebermos o resultado real da melhoria. 

 

O gráfico ilustra o comportamento típico da entrega de itens em um time ágil após a entrada de um novo integrante. Inicialmente, o time mantém uma estabilidade de 3 entregas por semana. Com a chegada do novo membro (semana 12), ocorre uma queda na performance devido à necessidade de ambientação. Após cerca de 2 a 3 semanas (semana 14), a produtividade volta ao nível anterior e, posteriormente, cresce até uma nova estabilidade mais alta (acima de 6 itens por semana). Essa trajetória forma a chamada Curva J, indicando que o impacto inicial negativo pode ser compensado por ganhos futuros de desempenho.
A Curva J demonstra que a introdução de um novo membro no time pode causar uma queda temporária na performance, seguida de uma recuperação e posterior crescimento na produtividade, refletindo adaptação e aprendizado coletivo.

Primeiro, os resultados caem, pois as pessoas ainda estão aprendendo. Nesse momento há a confusão inicial, resistência cultural e quebra de rotinas. Depois, com aprendizado e adaptação, a curva se recupera e ultrapassa o nível inicial, formando o desenho de um “J”.

O que fazer?

Personagem da turma da mônica, o Jotalhão. Um elefante verde com presas nascendo. Em volta dele há um círculo de proibido.
Evite o Jotalhão

Brincadeiras à parte, se a mudança for enorme, a “barriga” do J deverá ser enorme. Ao invés de mudanças abruptas e gigantes, prefira aplicar e avaliar pequenas mudanças ao longo do tempo. Vejamos por exemplo o problema de 11 em cada 10 empresas, comunicação. Fizemos uma retrospectiva e concluímos que temos que melhorar a comunicação. Vamos reduzir os e-mails adotando um programa de mensagens  e conferência, tipo o MS Team. Também precisamos de um sistema de Helpdesk para que os clientes abram chamados e por fim, uma reunião entre todos os gestores e gestoras para fazermos o alinhamento semanal. 

Precisamos disso tudo

Bacana, caro e não sabemos se realmente vamos resolver algum problema. Mesmo que todas as soluções sejam interessantes, uma mudança tão grande pode gerar muitas resistências. 

Ao invés disso, podemos voltar à retrospectiva com a pergunta; Qual a forma melhor, mais rápida e econômica possível para resolver a pior parte do nosso maior problema? 

Gosto dessa frase porque ela funciona de trás para frente. 1) Quais problemas temos? 2) Qual o pior deles (priorização do problema)? 3) Qual a pior parte dele (fatiamento do problema)? 4) Quais as possíveis soluções. 5) Qual a melhor (priorização da solução)? 6) Qual a melhor relação de custo benefício no tempo (fatiamento da solução).

Voltando ao exemplo, digamos que o pior problema seja a comunicação interna entre as equipes que hoje é feita por e-mail ou, já que ninguém lê os e-mails, as pessoas acabam telefonando e isso interrompe a concentração. Ao invés de gastar uma grana no Teams ou uma ferramenta supercompleta, podemos verificar se uma ferramenta simples de troca de mensagens como Telegram já resolve o problema. 

Se resolver, ótimo, podemos ir para o próximo problema ou podemos concluir que resolveu, mas para melhorar ainda mais, temos que contratar uma ferramenta mais completa como o Teams ou Zoom.

Conclusão 

Se seu time fizer pequenas mudanças evolucionárias ao longo do tempo, você ficará com pequenos “jotinhas”.

Gráfico de linhas comparando a evolução da performance ao longo do tempo entre Pequenas Mudanças Evolucionárias Kaizen (linha azul) e Grandes Mudanças Revolucionárias Kaikaku (linha vermelha). O eixo horizontal representa o tempo (meses) e o eixo vertical a performance. A linha azul mostra um crescimento contínuo e progressivo, com pequenas oscilações ascendentes, enquanto a linha vermelha apresenta uma queda significativa após o início, seguida de uma recuperação gradual e acelerada, cruzando a linha azul e alcançando o mesmo patamar de 400 no final do período.
Pequenas Curvas J em evolução Kaizen

Esses pequenos jotas representam menos riscos, menos resistência, maior capacidade de avaliação e evolução contínua.

Curtiu, da uma olhada no nosso treinamento de:

Team Kanban Practitioner (TKP)

 

Kanban System Design (KSD)

 

Kanban Systems Improvement (KSI)

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

Sobre o autor(a)

Trainer na K21

Avelino Ferreira é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na TI, começando como programador e chegando a gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis em 2008. Desde então, se dedica a auxiliar outras empresas na construção da cultura ágil. Atualmente, é Consultor e Trainer na K21

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