Benefícios da cultura de feedback e como fomentá-la

Motivar os colaboradores e impulsionar a evolução do capital humano é indispensável para o sucesso de qualquer empresa, e isso só é possível por meio de uma sólida cultura de feedback.

Ouça este artigo!

Pode não ser o seu caso, mas muitos gestores e profissionais ainda sentem certo desconforto quando precisam avaliar ou comentar o trabalho alheio.

Isso pode até ser válido quando os feedbacks não são feitos do jeito certo, mas a verdade é que existem meios para que eles sejam positivos e muito valiosos para a melhoria contínua de quem os escuta (e para o negócio como um todo).

Para que isso seja possível, é preciso existir um ambiente propício a esse tipo de interação, em que o valor das trocas é reconhecido e todos se importam em escutar o retorno dos demais. 

Mas, como agregar a cultura de feedback ao DNA da minha empresa? E por que ela é tão importante?

Feedback e melhoria contínua

Você provavelmente concorda que as pessoas são os ativos mais valiosos de um negócio, e é fato que todas elas são diferentes e têm suas próprias particularidades.

Conforme discutido em outro artigo de Daniel Canez, as organizações são cada vez mais multiculturais, formadas por indivíduos com diversas experiências, origens, classes sociais, e assim por diante. 

Ao mesmo tempo em que as empresas precisam responder com agilidade às transformações e crescentes exigências do mercado, também é comum que elas tentem adequar a pluralidade de seus talentos em fluxos únicos e muito engessados. 

Quando isso acontece, os colaboradores deixam de ser protagonistas na geração de valor, e o foco apenas nos processos acaba comprometendo a autonomia, a capacidade de inovação, a colaboração e o potencial de desenvolvimento das equipes

Por outro lado, se o propósito for motivar as pessoas, demonstrar preocupação com seu crescimento, incentivar a comunicação e orientá-las por meio de críticas construtivas, temos então o cenário perfeito para prosperar (tanto em nível corporativo, quanto individual).

Para que isso seja possível, a cultura de feedback deve ser uma realidade comum a todas as áreas e hierarquias do ambiente de trabalho, mas é preciso ter cautela para que ela seja desenvolvida da maneira correta. 

  • os processos organizacionais devem estar alinhados à pluralidade das empresas;
  • a cultura de feedback ajuda a desenvolver os potenciais humanos;
  • as trocas devem ser uma realidade em todos os níveis do negócio. 

Feedbacks positivos e negativos

Bons feedbacks são sempre aqueles que reforçam ações positivas ou que ajudam as pessoas a ajustar seus rumos de crescimento, seja pessoal ou profissional.

Isso significa que não existe espaço para retornos meramente negativos dentro de uma organização, que servem apenas para diminuir e que não são construtivos para quem os recebe. 

De maneira geral, podemos resumir os feedbacks em 4 tipos, sendo que apenas os dois primeiros são valiosos e relevantes para a cultura de um negócio:

Feedbacks positivos

São aqueles que reforçam comportamentos, virtudes ou resultados positivos. Eles servem para motivar os indivíduos e demonstrar que eles devem seguir neste mesmo caminho. 

Feedbacks negativos

Servem para incentivar uma mudança de postura ou correção de comportamento, mas devem ser utilizados com parcimônia, pois podem gerar reações e consequências negativas caso não sejam feitas com clareza, empatia e de forma não agressiva. 

Feedbacks insignificantes

Como o próprio nome indica, são feedbacks vagos ou genéricos, que não impactam a nenhum propósito e que não proporcionam benefícios a nenhuma parte, pois não mostram com clareza o objetivo que há por trás — se é reforçar uma atitude positiva ou apontar algo que precisa ser aperfeiçoado.

Este tipo de feedback é bastante recorrente em organizações que estão começando a desenvolver essa cultura. Como isso passa a ser estimulado, as pessoas tendem a dar “opiniões” disfarçadas de feedbacks para tudo, o que gera um anti-padrão de feedbacks insignificantes.

Um feedback deve sempre ser útil, construtivo e positivo, o que significa que jamais pode ser insignificante.

Feedbacks ofensivos

São aqueles direcionados apenas às falhas e defeitos das pessoas, sem nenhuma preocupação com seus resultados, crescimento ou mesmo em como o indivíduo irá recebê-lo. Sem a abordagem certa, os 3 tipos de feedbacks citados até aqui podem ser ofensivos, e é preciso ter cuidado para que isso não ocorra sob nenhuma circunstância. 

  • feedbacks devem sempre ser positivos ou construtivos;
  • a ideia é incentivar um comportamento ou ajustar o desenvolvimento profissional;
  • não há espaço para feedbacks insignificantes e muito menos ofensivos.

O impacto de não dar feedback

Quando a cultura de feedback não é presente, as pessoas tendem a guardar suas percepções para si – ou pior, compartilham opiniões sobre os outros para terceiros, o que pode gerar sérios conflitos. 

Em contrapartida, quando esse tipo de interação faz parte do DNA organizacional e as pessoas se sentem seguras (e incentivadas) a fazê-lo, o desenvolvimento comum é impulsionado e todos podem contribuir para o crescimento coletivo.

O resultado mais óbvio da falta de feedbacks é a queda na qualidade do trabalho. Afinal, quem está fazendo um bom trabalho, se destaca e cumpre as expectativas se mantém ainda mais motivado quando é reconhecido, e a falta desse tipo de interação pode afetar o engajamento e fazer com que bons talentos se percam. 

No mesmo sentido, quando os rendimentos estão abaixo do esperado, um bom feedback ajuda o colaborador a corrigir suas falhas e a ajustar seu trabalho. Quando isso é feito de forma empática, clara e realmente preocupada com o crescimento da pessoa, ela certamente se sentirá agradecida pela contribuição e também terá sua motivação impulsionada.

Sem nenhum tipo de retorno, as pessoas simplesmente não conseguem saber se estão indo bem ou não. O resultado é um trabalho orientado meramente por prazos, entregas e cobranças, que acaba se tornando desmotivado, sem sentido e improdutivo. 

  • sem o incentivo às trocas, as pessoas guardam suas visões para si ou as compartilham para terceiros;
  • a falta da cultura de feedback compromete o engajamento e o aprimoramento profissional;
  • sem nenhum tipo de retorno, os profissionais não conseguem saber se têm um bom desempenho. 

Como estimular uma cultura de feedback

Toda mudança na cultura de uma empresa pode ser desafiadora, mas seus resultados certamente irão fazer com que os esforços valham a pena.

Por mais que cada negócio tenha seu próprio perfil de talentos, algumas dicas podem ser um excelente ponto de partida nessa importante missão, como:

Comece pelo ambiente

Como mencionado anteriormente, a cultura de feedback visa criar um ambiente seguro e confortável para que as pessoas façam críticas construtivas e troquem suas percepções.

Por isso, o primeiro passo é levar essa abordagem para dentro do negócio, criando um espaço agradável e motivador para esse tipo de interação. 

Isso demanda o entendimento dos seus times, sobre seus principais anseios, o que lhes motiva, quais seus pontos fortes e questões passíveis de aprimoramento.

Ressalte o valor dos feedbacks

Ao compreender as características de seus colaboradores, a transformação ambiental também depende de uma boa capacidade de comunicação.

Em primeiro lugar, você precisa transmitir a todos a importância dos feedbacks, e demonstrar como eles podem ser valiosos para cada indivíduo em sua jornada de crescimento.

Além disso, procure treinar os profissionais junto ao RH para que desenvolvam melhor sua capacidade de crítica, sendo capazes de receber e emitir comentários de forma sempre construtiva e positiva. 

Defina rotinas

Faça com que as conversas, avaliações e trocas de percepções façam parte do dia a dia da empresa.

Com rotinas de feedbacks bem definidas, a motivação e o aprimoramento profissional serão constantes, e os profissionais rapidamente vão se acostumar a perceber o valor dessas interações, utilizando-as como oportunidades e não as recebendo como meras críticas. 

Sirva de exemplo

Os feedbacks devem ser aplicados e recebidos por todos. No início, algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis ou até despreparadas para as duas situações.

Enquanto liderança, coloque-se à disposição para ouvir críticas construtivas e emita opiniões que contribuam para o crescimento da sua equipe. A partir do exemplo, os profissionais encontrarão um bom modelo a ser seguido e terão menos dificuldade para se abrir. 

  • a cultura de feedback depende de uma mudança em todo o ambiente organizacional;
  • os colaboradores devem estar cientes, preparados e ter essas trocas em suas rotinas;
  • as lideranças precisam servir de exemplo na implementação dessa cultura.

Se você gostou deste artigo sobre cultura de feedback e quer ampliar ainda mais os impactos do seu RH, não deixe de conhecer os melhores treinamentos e consultorias na área. Clique aqui para descobrir como liderar uma transformação ágil e organizacional, e aqui para aprender a gerenciar equipes com os conceitos de Management 3.0. 

Sobre o autor(a)

Função não encontrada

Artigos relacionados

Um pouco do que foi o evento Product to Rescue em 9 de Julho 2024   Foco no problema Manter o foco no problema pode ser Old School mas ainda está em alta. Ficamos muito presos em problemas inexistentes ou…

Após terminar de ler o livro Ruído de Daniel Kahneman, decidi reler alguns clássicos que não olhava há algum tempo. Dentre eles, Rápido e Devagar do mesmo autor e Pensando em Sistemas de Daniela Meadows. Não pude deixar de perceber…

O Guia do Scrum fala sobre o refinamento do Product Backlog: “O Product Backlog é refinado conforme necessário” (p. 9). Todavia ele não descreve exatamente o que é o refinamento. Uma reunião, uma atividade, um processo. Neste artigo vamos jogar…

Marcos Garrido, Sócio-fundador e Trainer na K21

Existem muitas formas de organizar as métricas de seu produto / empresa. Aqui neste blog já escrevemos sobre as Métricas do Pirata, Fit For Purpose (F4P) e Métricas nas Quatro Áreas de Domínio da Agilidade. Todavia, agora, queremos falar sobre…