A gente não sabe quando essa moda começou, mas não há dúvidas que “falar de produtos” é um dos assuntos do momento – especialmente em empresas que querem se destacar da concorrência.
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E não nos entenda mal, nós somos apaixonados por produtos. Mas muitas empresas cometem um erro grave ao entrar nessa modinha: esquecem que o processo de entender “o que fazer” (discovery) é tão importante quanto a entrega em si (delivery). E é nesse gap que entra o importante papel da liderança.
Se você deseja entender como os líderes conseguem conectar o discovery ao delivery, reunimos alguns pontos-chave do episódio “Liderança de Produtos Digitais” do podcast Love The Problem que podem te ajudar.
Qual o papel da liderança de produtos no processo de conectar discovery ao delivery?
Os Três Mosqueteiros dos produtos digitais
No episódio “Liderança de Produtos Digitais” do LTP, Lula, ex Agile expert e trainer na K21, convidou duas referências com experiência de sobra no assunto: Paula Herculano, Lead Product Manager, e Magno de Santana, Digital Product Expert & Partner at K21.
E não demorou muito para começarem as provocações sobre o que transformaria uma liderança de produtos digitais: adotar um esquema “Três Mosqueteiros” na equipe. Mas ao invés de Athos, Porthos e Aramis, o trio seria Produto, Ux e Dev.
“Isso significa uma pessoa com conhecimento de produto e negócio, outra com a experiência do usuário e a de tecnologia. Afinal, eu posso tá criando um produto super viável para o negócio e para o cliente, só que ele não é viável tecnicamente”, explica Magno.
Cuidado para não transformar o produto em projeto
Como afirmamos no início do texto, os produtos digitais ganharam cada vez mais destaque dentro das corporações. Mas será que sua empresa está investindo em produtos ou em projetos?
Uma história compartilhada por Magno no LTP é um ótimo exemplo dessa linha extremamente tênue. Ao questionar uma equipe sobre as métricas usadas para medir o sucesso do produto, ouviu como resposta que eles só conseguiriam saber se deu certo depois da entrega, que estava acontecendo em fases.
“Foi aí que falei ‘parabéns, belo projeto que você tá tocando’. Ter um grande plano é super válido, mas colocar aquilo em um calendário de entrega não é produto, e sim um projetão. E se você está em uma empresa que entrega projeto, se declara como projeto e para de sofrer”.
Vale a pena conferir: Fim da projetização! Estamos na era dos grandes produtos
Ensinar é papel importante dentro da liderança de produtos
Ao longo do bate-papo, Paula reforçou que um dos principais desafios e papéis da liderança de produtos na cultura corporativa é ensinar para todos o que é um produto.
“Eu diria que 90% do trabalho do líder de produto é educacional. Seja para cima, para o lado, para baixo, ensinando para a alta gestão o que é produto. Isso porque, por mais que esteja na moda falar de produto digital, a gente ainda vê muita gente fazendo projeto e o chamando de produto”.
Segundo a Lead Product Manager, o glamour gerado em cima dos produtos apenas gera mais expectativa de resultados em um contexto difícil de ser alterado. “Não adianta achar que você vai encaixar o que leu em um livro em uma empresa tradicional em um mês. A meta depende de delivery ao invés de discovery? Coloca em produção que vai ter o bônus X… mas e o pobre do Product Manager que você contratou? Como você gere a expectativa desse cara?”, questiona Paula.
De acordo com Paula, é um desafio muito grande para o líder tentar inserir o que é uma cultura de produto, ou seja, uma cultura de métricas e pensamentos fatiados. “E isso não significa entregar pedaços pequenos pela metade e sim algo que faz sentido para o cliente de ponta a ponta. É uma cultura de experimentação que permite falhas”.
E se sua preocupação ao ensinar o que realmente é um produto é perder metade do seu time em treinamentos, Paula já vivenciou isso em primeira mão. Segundo ela, o principal questionamento que ela ouvia era “a gente não faz isso” ou “a gente não consegue fazer isso”.
Entra novamente a importante figura do líder de produtos para não só reforçar a transformação cultural, como também gerir as expectativas de sua equipe. “Não é simplesmente tocar o produto. O líder tem pessoas para gerir, que tem expectativas pessoais e de crescimento de carreira”.
A cultura sempre será um assunto no blog e nos podcasts na K21, pois ela é parte integral da empresa. Inclusive, ela é um dos nossos quatro domínios culturais, que Paula aborda no LTP.
“Vou colocar um ponto que talvez seja um pouco ousado, mas vejo a cultura como o principal domínio porque ela dita o que você vai conseguir fazer na empresa como todo. Não adianta colocar cultura de produto em uma empresa com cultura de projeto que não está preparada para mudar”.
Além do cultural, o técnico, o organizacional e o negócio são etapas desse mapa da agilidade, que explicamos no post “Até onde vai a agilidade?” as diversas maneiras em que ele pode ser aplicado.
Nunca se esqueça de buscar o porquê
Antes de entrarmos no último tópico desse conteúdo, responda essa pergunta: você levanta todas as manhãs para ir trabalhar ou gerar impacto?
A provocação feita por Magno é que “se você se levantar para ir trabalhar, você vai passar 8 horas do dia trabalhando. Se você levanta para gerar impacto, pode ser que você trabalhe só duas horas porque esse pode ser o tempo que você precisou para gerar impacto”.
Mas como transformar o trabalho em uma busca por impacto? Entendendo o(s) porquê(s). Em treinamentos, é comum que Magno peça para todos fecharem os olhos e se perguntarem a importância do trabalho que elas estão fazendo no momento. “Quase ninguém sabe a resposta porque é algo trivial, mas também complexo”.
Para Lula, muitas pessoas trabalham apenas focadas em entregar coisas sem entender os porquês delas. “A vida é curta demais para gastar pelo menos 40 horas semanais sem entender porquê você está fazendo isso”, afirma.
E não se engane: não é papel de ninguém além de você entender o porquê você está fazendo algo. Paula já se deparou com muitas pessoas que comentavam não saber porque estavam fazendo algo – o que ela respondia com um questionamento simples: você perguntou?
“Talvez o interlocutor não soube explicar, mas é sua responsabilidade perguntar o porquê. Está todo mundo tão no automático que as pessoas estão perdendo a curiosidade de perguntar o porquê e também não se sentem na autonomia de perguntar o porquê”.
É por isso que, segundo Magno, sua autonomia está limitada a sua maestria. “A autonomia não é dada, é conquistada pelo nível de maestria que você tem. Então estude, converse com seu líder e busque entender porque você está resolvendo o problema”.
BÔNUS: Dicas de conteúdos para estudar sobre liderança e produtos
Se você quer estudar mais sobre os assuntos que abordamos ao longo do texto, mas não sabe onde, reunimos algumas dicas incríveis dos nossos especialistas para te ajudar:
- Comunidade Mulheres de Produto;
- Podcast Agile Girls;
- Livro “Gestão de Produtos” de Joca Torres;
- Livro “Inspirado: Como criar produtos de tecnologia que os clientes amam” de Marty Cagan;
- Documentário Playbook, disponível na Netflix;
- Livro “Reinvente sua empresa”, de David Heinemeier Hansson;
- Livro “A Empresa Conectada”, de Dave Gray.
Também não podíamos deixar de falar do curso “Product Essentials” da K21, que pode te ajudar agora a começar o seu futuro em uma carreira de produtos.
Com uma jornada pensada para pessoas que precisam de uma formação que dê segurança e conhecimento, esse curso é feito tanto para pessoas em transição de carreira quanto para profissionais que desejam evoluir rapidamente na carreira de produtos, formando um portfólio que pode ser usado para concorrer a vagas.
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