Quer aumentar a produtividade da empresa? Dê folgas!

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

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Trabalhar na K21 tem uma grande vantagem. Nós NÃO temos 30 dias de férias. Na verdade, caso eu queira tirar férias ou folgar alguns dias, basta marcar na agenda os dias que você não trabalhará e pronto. É só não aparecer na data marcada 🙂 . Não tem aprovação de gestor, pedido para RH, ninguém controlando se você teve 30 ou 40 dias de férias. A empresa é auto-organizada e as pessoas são responsáveis para lidar com essa liberdade.

Pessoas separadas em box (similar a uma caixa de ovos). Na parte de baixo aparece a frase: Quanto mais à prova de idiotas for o sistema, mais as pessoas agirão como idiotas.

E a folga é boa, muito boa. Um dia resolvi tirar um dia para ficar com a Mari (minha filha). Queria ficar com ela e ver como era o dia dela. Na correria do trabalho é fácil nos desconectarmos da vida das pessoas que mais amamos.

Levei ela na natação e vi que já está nadando muito melhor do que antes e se divertindo bastante com seus colegas na piscina. Viemos conversando sobre as amigas da escola e tentamos comprar as figurinhas da LOL, afinal, segundo a Mari, “tá todo mundo colecionando”. Deve ser verdade, pois fomos a três bancas de jornais e não encontramos.

Quando íamos para a escola, ela encontrou uma amiga, correu na direção dela e deu um abraço tão apertado que elas caíram no chão. Enfim, foi um dia que pude parar e ver como é a rotina da Mari, conversar com a minha esposa, terminar de ler um livro e escrever este texto que estava travado há meses.

Mentira infeliz: 100% de ocupação é bom

Sei que infelizmente tirar dias da semana para reconectar com família, amigos ou até mesmo com a própria vida não é possível na maioria das empresas. Na nossa cultura associamos folga a algo ruim, sinônimo de vagabundagem e deve ser combatida ferozmente tanto por gestores como também pelos colaboradores. Algumas empresas chegam ao extremo de “ver com maus olhos” quem tira 30 dias de férias ou um colaborador que desliga o celular nos finais de semana. Algumas inclusive obrigam seus funcionários a compensar horas de treinamento mesmo sabendo que o conhecimento adquirido será utilizado para o aperfeiçoamento da própria empresa.

Em algum momento, foi feita a associação de que X horas dentro da empresa é igual a X horas de produtividade. Será verdade?

Tarefeiros

Um resultado prático dessa cultura é a criação de pessoas tarefeiras, focadas em executar tarefas e não em entregar valor. Andressa Chiara falou sobre times tarefeiros no post: O time tarefeiro e o time de produto.

É fácil perceber se você está em um time ou empresa tarefeiros. Responda essas perguntas:

  • Você tem a sensação de que todos estão trabalhando, mas nada está sendo entregue para seus clientes?
  • O ciclo de desenvolvimento, entrega e uso que deveriam acontecer em uma ou duas semanas leva meses?
  • As pessoas estão alocadas em múltiplos projetos (“recurso” compartilhado)?

Se respondeu sim a alguma dessas perguntas, você provavelmente está em um local que ligou o modo tarefeiro.

A alta utilização de recursos melhora o desempenho

Deixar as pessoas totalmente ocupadas não faz com que elas entreguem mais. Você gosta de utilizar um computador com a CPU trabalhando a 100%? Dirigir em ruas engarrafadas? Entrar num ônibus, trem ou metrô lotados? Provavelmente não. Então, por que cargas d’água as pessoas devem estar 100% do tempo ocupadas? Quanto maior a taxa de ocupação, mais lenta será a entrega de valor.

Em 2012, Stefan Thomke e Donald Reinertsen escreveram os seis mitos de desenvolvimento de produtos. Para eles a falácia número 1 é: a alta utilização de recursos melhora o desempenho.

Com base em pesquisa, os autores apresentam o gráfico de taxa de ocupação e afirmam: o tempo de espera dobra quando a taxa de ocupação vai de 60% para 80%, dobra novamente quando vai de 80% para 90% e dobra mais uma vez quando vai de 90% para 95%.

o tempo de espera dobra quando a taxa de ocupação vai de 60% para 80%, dobra novamente quando vai de 80% para 90% e dobra mais uma vez quando vai de 90% para 95%.

O que isso quer dizer?

Imaginemos que o quadro acima pertence ao Time de Produtos. Digamos que esse time precise de uma informação do Time Jurídico para desenvolver uma parte do produto. Porém, as pessoas do Time Jurídico estão muito ocupadas e não podem atender pedidos externos no momento. O Time de Produtos abre um tíquete que um dia será atendido pelo Time Jurídico (você pode substituir “abrir um tíquete” por: mandar um e-mail / iniciar uma demanda / fazer uma solicitação de apoio / falar com o gerente. Depende da sua organização).

Quando o Time Jurídico finalmente atende o ticket e retorna para o Time de Produtos, este agora não tem tempo para ver o que foi feito ou esclarecer dúvidas, pois está muito ocupado fazendo outras coisas.

E o ciclo fica se repetindo. Agora multiplique esse problema pelo número de dependências entre estes times e unidades que existem na sua empresa. “Se você quer ter certeza que a sua empresa não entregará nada para seus clientes, basta ocupar as pessoas 100% do tempo delas”.

Folga não é ruim

Parece um contrassenso, mas folga faz bem. Ela pode ser uma folga total para o colaborador passar um tempo com a família e voltar revigorado. Pode ser uma folga produtiva e gerar um resultado importante para a empresa.

Avelino, CFC, Day e Samuel tendo uma folga criativa no Ibirapuera

Na foto acima, eu, CFC (remoto em casa), Day e Samuel fomos para o Ibirapuera passar um tempo. Passeamos, visitamos, fizemos a melhoria de alguns treinamentos e criamos um novo serviço para a K21.

Acompanhe nosso blog, em breve publicaremos como o Lean Kanban pode ajudá-lo a identificar sistemas em stress e visualizar o seu fluxo de valor para sair desse modo tarefeiro.

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

Sobre o autor(a)

Trainer na K21

Avelino Ferreira é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na TI, começando como programador e chegando a gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis em 2008. Desde então, se dedica a auxiliar outras empresas na construção da cultura ágil. Atualmente, é Consultor e Trainer na K21

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