Métricas Ágeis: Upstream

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Dando continuidade a nossa conversa sobre Métricas Ágeis, neste artigo falaremos sobre as métricas da fase Upstream.

Você pode ler os outros artigos da série:

Fluxo de Trabalho: o upstream, midstream e downstream

Métricas Ágeis comuns ao upstream, midstream e downstream

Métricas Ágeis: Midstream e Downstream

Medidas de Upstream

A imagem abaixo apresenta algumas das métricas que podem ser obtidas no Upstream.

Quadro de mapeamento do fluxo com as seguintes etapas. No Upstream: Piscina de opções (sem limitação e com ícone representando um backlog).  Separada por uma linha tracejada. A seguir a etapa de análise com limite de dois itens e com duas colunas: analisando e analisado. Após, Priorização com limite de três itens e as colunas priorizando, priorizado. A linha que separa essas duas colunas marca o ponto de comprometimento. No Midstream temos: Construção, limitada a três itens com as colunas construindo e construído, após a avaliação limitada a quatro itens com as colunas avaliando e avaliado. Em seguida temos o Downstream com uma única etapa não limitada (sinal de infinito). Por fim temos o Entregue com uma bandeira quadriculada de chegada. A separação entre Entrega e Entregue é o ponto de entrega. Todas as métricas de Upstream estão disponíveis na imagem. Elas são explicadas nas subseções abaixo.

Decision Points (Pontos de Decisão)

É preciso separar um conceito de Ponto de Compromisso do Upstream. Não há ponto de compromisso no Upstream. Cada etapa no seu upstream é um ponto de decisão. Continuar ou descartar a opção? 

Também é possível chamar essas transições no upstream de Investment Points (pontos de investimento), pois a cada etapa estamos investindo (dinheiro, tempo, esforço) mais para descobrir se a opção é ou não válida.

Aging (Envelhecimento)

Quando temos uma ideia, recebemos um pedido ou chega um novo chamado, ainda não temos um item de trabalho. Temos uma opção. Esta nada mais é do que uma manifestação de desejo de uma pessoa (Product Owner, Product Manager, Gerente, Cliente…) que poderá ou não se converter em um item de trabalho. Tal fato só será verdade se essa opção passar pelo Upstream do fluxo de trabalho e chegar até o ponto de comprometimento (separador entre o upstream e midstream). Quando uma opção chega, ela fica em uma piscina de opções (options pool) que é tradicionalmente chamado de itens não detalhados ou itens não refinados do Product Backlog.

Mas como medir o tempo em que uma opção fica nessa piscina de ideias. Bom para isso temos o Envelhecimento (Aging). Tempo de que surgiu a opção até o momento que começamos a fazer a descoberta (discovery) se ela irá ou não se transformar em item de trabalho.

Fórmula de cálculo do Aging (Envelhecimento)

Dado:

Data de surgimento da opção = DS

Data em que a opção fez a primeira movimentação no Upstream = DM1UP

Para toda opção que surgiu = x

x: Aging= DM1UP – DS
A descrição do fluxo é a mesma da imagem inicial. Há uma seta que começa antes da piscina de opções e para antes da primeira movimentação de Upstream.

Upstream Lead Time (Tempo de Espera na nascente)

Aqui entra um conceito interessante. Nós não medimos o tempo de upstream desde que a ideia surgiu. Ideias vêm e vão e o objetivo do upstream é avaliar quais ideias (opções) devem ou não seguir para a construção no midstream. “Ideias valem 10 centavos a dúzia” (frase atribuída a Mary Kay Ash).

Sendo assim, o tempo que a opção fica nessa piscina de opções não entra na conta. Passamos a contar o Upstream Lead Time (ULT) quando começamos a descobrir (Discovery) se a opção é ou não boa. Quando ela ultrapassa o primeiro Ponto de Decisão. Normalmente, é a etapa que está logo após a piscina de opções. O tempo de upstream para de contar quando o item deixa de ser uma opção e se torna um compromisso porque passou do ponto de comprometimento.

Fórmula de cálculo do Upstream Lead Time

Dado:

Upstream Lead Time = ULT

Data em que a opção fez a primeira movimentação no Upstream = DM1UP

Data em que o Item chegou no Ponto de Comprometimento = DC

Para toda opção que recebeu a primeira movimentação no Upstream = x

x: ULT= DC – DM1UP
A descrição do fluxo é a mesma da imagem inicial. Há uma seta que começa após a piscina de opções e para no Ponto de Comprometimento.

O Envelhecimento (Aging) mais o Upstream Lead Time e o Customer Lead Time são métricas importantes para gestão de expectativas com o cliente e respondem aquela famosa pergunta: “Quando fica pronto?”

Arrival Rate (Taxa de Entrada / Taxa de Chegada)

Taxa de Entrada, também chamada de Taxa de Chegada é a vazão de chegada no nosso sistema. Quantas opções chegam no fluxo de trabalho em uma unidade de tempo. Por exemplo, recebemos 10 pedidos por dia.

Fórmula de cálculo da Arrival Rate (Taxa de Chegada)

Dado:
Taxa de Chegada = i chegada

Período (dia, semana, Sprint…) = período 

Opções que chegaram no período = ocp

i chegada = ∑(ocp) / período
A descrição do fluxo é a mesma da imagem inicial. Não há mais setas, apenas um relógio temporizador na Piscina de Opções representando a taxa de chegada. Ali nós temos quatro opções que chegaram na semana um, três opções que chegaram na semana dois, mais cinco opções que chegaram na semana três.

Discard Rate (Taxa de Descarte)

Quantas opções descartamos ainda no upstream (discovery) em uma unidade de tempo. Exemplo: Estamos descartando 8 opções por quinzena. 

Enquanto a Taxa de itens abortados (no midstream e downstream) deve ser próxima a zero, a taxa de descarte não possui tal restrição. Se estamos descartando, estamos nos livrando de ideias ruins.

Fórmula de cálculo da Discard Rate (Taxa de Descarte)

Dado:

Taxa de Itens Descartados = i descarte

Período (dia, semana, Sprint…) = período 

Opções descartadas no período = odp

i descarte = ∑(odp) / período
A descrição do fluxo é a mesma da imagem inicial. Abaixo de todo Upstream há uma caixa vermelha com um relógio e sinal de cancelamento sinalizando a Taxa de Descarte. Dois post-its cortados com uma letra x vermelha indicando que foram descartados na semana 1. Depois mais um post-it cortado com a letra x vermelha indicando que ele foi descartado na semana 2

No próximo artigo encerraremos a série sobre Métricas de Fluxo de Trabalho abordando as métricas comuns a todas as fases.

Sobre o autor(a)

Trainer na K21

Avelino Ferreira é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na TI, começando como programador e chegando a gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis em 2008. Desde então, se dedica a auxiliar outras empresas na construção da cultura ágil. Atualmente, é Consultor e Trainer na K21

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