O que é valor?

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

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Uma frase que ficou muito popular é que quando adotamos a agilidade, passamos a entregar mais valor. Agilidade é entregar valor. Mas sem definir o que é valor, sua transformação será frágil, não ágil.

O meme que se tornou famoso do "Que show da Xuxa é esse?". Nos primeiros quadros a menina fala: "Falaram que ia entregar mais valor". No quadro de baixo ela pergunta: "Mas que valor é esse?"

Então, o que você pode fazer para definir o que é valor. Não é nenhuma ciência de foguete, pois só existe um único motivo para criação de produtos e serviços: Resolver problemas. O valor do time está no problema que ele resolve.

Definição de Valor

Valor é o impacto positivo percebido por quem utiliza um produto ou serviço ao resolver um problema ou atender a uma necessidade. Ele é mensurável em ganhos financeiros, economia de custos, satisfação, confiança e redução de riscos.

Agora que entendemos o que é valor, vamos explorar suas dimensões e como elas se manifestam no dia a dia.

Dimensões do valor

Existem 3 grandes blocos de valor que podemos utilizar: Felicidade, Dinheiro e Aprendizado.

 "O que é valor?", dividido em três categorias principais: Dinheiro, representado por um emoji de saco de dinheiro 💰, aborda aspectos como receita, redução de custo, valor de mercado e redução de risco; Felicidade, simbolizada por um rosto sorridente 😊, foca no impacto para clientes, colaboradores, fornecedores e sociedade, considerando elementos como sustentabilidade e regulamentação; e Aprendizado, representado por um cérebro 🧠, que destaca o conhecimento sobre o negócio, cliente, aspectos técnicos e a organização. Com um fundo preto e bordas coloridas, a apresentação utiliza emojis para reforçar visualmente cada conceito de forma clara e atrativa.
O que é valor?

Valor igual a Dinheiro

Sem sombra de dúvida o mais relevante de todos. É o que as pessoas mais discutem e onde os diretores e diretoras tomam decisões.

Ganho financeiro: Boa parte dos produtos e serviços que criamos têm como objetivo primário ter receita. O objetivo é um saldo positivo: receita menos despesas.

Economia de Custo de operação: Produtos internos visam economizar dinheiro da empresa, seja reduzindo custos com fornecedores, burocracia ou decisões.

Aumento de Valor de mercado: É uma medida que representa quanto uma empresa ou ativo vale no mercado, baseado em seu preço atual de negociação. Tenha muita atenção, pois, salvo o caso de startups com produto único, é difícil fazer uma medição direta entre um produto e o valor de mercado da empresa.

Redução de Risco: Esse por sua vez é um valor que, de certa forma, agrupa todos os anteriores. Reduzir riscos evita perdas financeiras, custos adicionais e insatisfação. Isso inclui desastres, problemas financeiros, conformidade, reputação e mais.

Valor Igual a Felicidade

É a dimensão de valor que se liga à satisfação das pessoas com o produto, serviço e empresa.

Aumento da satisfação do cliente: Costuma a acompanhar uma das anteriores, mas por vezes pode aparecer isolada principalmente em momentos críticos, como após catástrofes ou uma campanha de “cancelamento”.

Aquisição e Retenção do cliente: Frequentemente o valor do cliente é medido pela receita e sempre que possível dê preferência ao valor financeiro. Todavia, algumas empresas não conseguem uma tradução direta do valor para dinheiro. Lembro uma vez que Trabalhei em um sistema educacional onde o valor era medido pelo uso: quanto mais os alunos utilizavam, mais útil e valioso ele se tornava.

Satisfação do Colaborador: Quando construímos produtos internos, no geral o objetivo é auxiliar o trabalho ou a vida profissional de um colaborador. Mantê-los satisfeitos com a empresa é primordial.

Satisfação da sociedade ou ecossistema e fornecedores: Além do cliente e do colaborador, não podemos esquecer que existem outros stakeholders para nossa empresa. Normalmente os regulatórios visam o bem da sociedade. Satisfação do fornecedor é interessante para termos um relacionamento de longo prazo e satisfatório com eles.

Valor Igual a aprendizado

Há momentos em que não conseguimos chegar de uma vez nos valores acima. Precisamos aprender antes de chegar a um resultado. Entretanto, tenha muito cuidado. O valor do aprendizado deve ser fatiado. Não adianta ficar um ano aprendendo para só aplicar no final. Aprendizado deve ser aplicado. Aprendeu, aplicou.

Aprendizado sobre o negócio e consumidor: Se você vai criar um produto ou serviço, ele está será aplicado em um contexto e para um cliente. Se não sabemos exatamente onde ou quem é essa pessoa, o ideal é descobrir antes de começarmos. O Validation Board é uma boa ferramenta para fazer esse valioso aprendizado.

Aprendizado Técnico: Muitas das vezes, para criar uma solução, primeiro temos que aprender como fazê-la. O aprendizado técnico é muito importante, porém tenha muito cuidado aqui. É muito fácil cair em um grande BDUF e ficarmos anos buscando conhecimento técnico sem nunca aplicá-lo.

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O perigo do Efeito Ikea

Visto que já olhamos as principais dimensões, vamos ver um perigo que todos nós estamos sujeitos, um viés cognitivo conhecido como…

Nós tendemos a confundir valor com esforço. Por exemplo, para criar um bom software temos que fazer muitas coisas que são fundamentais, mas não são valor. Você tem que criar testes automatizados, adotar práticas de código limpo, manter o banco de dados saudável, definir e redefinir APIs, muita coisa. Com isso, acabamos acreditando que o grande esforço que tivemos é valor. Entretanto, não é.

Vou dar um exemplo. Eu tenho um carro. Eu cuido bem do meu carro. Faço as revisões, troco óleo, cuido direitinho. Para mim ele vale muito porque tem muito esforço meu nele (e custo). Se eu tentar vender meu carro, ele será avaliado pela tabela FIPE, não pelo esforço que investi para mantê-lo impecável.

Esse é um viés cognitivo conhecido como Efeito IKEA. Se você não conhece a loja sueca, quando você compra um móvel na IKEA, ele vem todo desmontado e você tem que montar. Em uma pesquisa feita por Michael I. Norton, Daniel Mochon e Dan Ariely mostraram que as pessoas estavam dispostas a pagar 63% mais pelo móvel que elas montaram do que pelo mesmo móvel já montado. Mesmo que o resultado seja idêntico. O Efeito IKEA  ocorre quando as pessoas atribuem maior valor a algo que elas mesmas ajudaram a construir ou personalizar.

Para evitar essa situação é necessário sair da abstração e tornar o tal valor em algo tangível como métricas.

Transforme valor em métricas

No final das contas, para saber se estamos tendo sucesso ou fracassando temos que transformar valor em métricas, números, resultados. O que concretiza o valor são as métricas. Ganhamos dinheiro? Quanto? Reduzimos um custo? Quanto? Reduzimos um risco? Qual? Como? Responder essas perguntas é essencial para fugir da transformação frágil e ter uma transformação verdadeiramente ágil.

Entretanto também temos que ter itens técnicos na nossa produção.

Equilíbrio entre Itens de Valor e Itens Técnicos

Obviamente não sou louco a ponto de dizer que melhorias internas ao produto como quitar as dívidas técnicas, melhorar uma estrutura fazer o tunning de banco de dados e preparar relatórios não devem ser feitas. Elas devem ser feitas sim. Equilíbrio é essencial: apenas itens técnicos desvalorizam o trabalho do time, apenas itens de valor acumulam dívidas técnicas impagáveis.

Em 2021 eu escrevi como eu tratava esse equilíbrio no artigo: Como tratar e priorizar itens técnicos? Até hoje utilizo o modelo Kanban e não tenho reclamações dos clientes, pois sempre recebem itens de valor e nem dos times que estão sempre ajustando os itens técnicos.  

Transformar valor em algo concreto não é opcional; é essencial para o sucesso. Seja ágil, busque equilíbrio e entregue impacto real. O caminho para uma transformação sólida começa com você.

Não seja Frágil, Seja Ágil ao lado de um castelo de cartas

Até a próxima.

 

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

Sobre o autor(a)

Trainer na K21

Avelino Ferreira é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na TI, começando como programador e chegando a gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis em 2008. Desde então, se dedica a auxiliar outras empresas na construção da cultura ágil. Atualmente, é Consultor e Trainer na K21

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