Matriz de Competências: como formar times multidisciplinares

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Queremos formar um time multidisciplinar, mas de quais competências precisamos? A dinâmica da Matriz de Competências serve justamente para enxergarmos esses buracos de conhecimento que precisamos preencher.

Como formar times multidisciplinares

Gosto de chamá-la de “Matriz de Incompetência” porque o objetivo aqui não é dizer: “Olha como somos fortes nos pontos A, B e C.” O objetivo é deixar claro que não temos tudo o que precisamos e para o nosso time ser de fato multidisciplinar, precisamos preencher a falta de competências nos assuntos que estamos mais fragilizados.

Uma dica interessante: nem todo lugar gosta do nome Matriz de Incompetência por achar agressivo. Você pode utilizar o nome Matriz de Competências, mas não perca de vista o objetivo da dinâmica.

Identificando o GAP do Competências

Antes de entender como criar um time multidisciplinar, recomento a leitura do artigo “Por que precisamos de Times Multidisciplinares?”.

Um breve resumo: Olhando para o fluxo de valor, analise: o que eu tenho que fazer para ter um time ponta a ponta? Como ter um time que consiga executar todo o trabalho necessário com nenhuma ou pouquíssima dependência externa?

Imagem do Fluxo de Valor da K21. É uma paisagem de um rio. O início é uma nuvem com a palavra hipótese nela. Está chovendo pontos de interrogações sobre duas montanhas. A uma linha ligando a montanha até uma lâmpada acessa com o nome de Concept (Conceito). Após as montanhas aparece o rio dividido em três grandes partes e cada grande parte subdividida em três. Parte 1: Upstream (Cabeceira) do rio é subdividida em Stakeholders (Partes interessadas), Business (Negócios), Product (Produto). O Midstream (Leito) é um quadro de tarefas simples com To do (A fazer) Doing (fazendo) e Done (feito). Abaixo do quadro há a palavra Time (Team). Uma seta que começa no A fazer com uma pequena extensão pontilhada até Produto. O final da seta é o Feito. Abaixo dessa seta está a palavra Agile Team (Time Ágil). A última parte do rio é o Downstream (Foz). Ela é dividida em Validation (Validação), Production (Produção) e User (Usuário). O rio despeja no mar Cash (Dinheiro). Há um ícone de cifrão. Há também uma seta que liga a palavra Conceito até Dinheiro e o nome dessa seta é Lean Organization (Organização Enxuta). Do mar sobem quatro pequenas setas que significam feedback. Elas sobem como se fosse o vapor esquentado pelo Sol Happiness (Felicidade ou Satisfação). Há mais três nuvens e elas voltam até a nuvem inicial de onde chovem hipóteses. Ligando a nuvem em que estão chovendo hipóteses até o sol da satisfação há uma seta em que está escrito: True Agile (Ágil de Verdade).
Fluxo de Valor (A lendária Imagem do Rio)

Uma vez que identificamos o fluxo de valor, podemos criar uma linha identificando todas as competências necessárias para o time ser ponta a ponta.

Passo 1: identificar as competências necessárias para o time

É interessante classificar as competências nos 4 Domínios da Agilidade para saber onde estamos mais fortes e os pontos de atenção necessárias.

Digamos que no nosso time hipotético, as seguintes competências são necessárias (não utilizaremos uma lista exaustiva neste exemplo).

Competências de Times Multidisciplinares nos 4 Domínios da Agilidade
Competências necessárias nos 4 Domínios da Agilidade: Negócios (verde), Cultural (rosa), Organizacional (laranja) e Técnico (azul)

Negócio

  • Conhecimento de E-Commerce (Varejo)
  • Desenvolvimento de produtos e serviços

Cultural

Organizacional

Técnico

  • Design de Aplicativos e Sites
  • Desenvolvimento de Software
  • Administração de Infraestrutura

Com isso, já sabemos o que precisamos para o nosso time funcionar.

Passo 2: priorize

Se a sua dinâmica tiver muitos itens para serem avaliados, você precisará priorizá-los para saber quem será tratado primeiro. Você pode classificar as competências em: Desejáveis, Importantes e Essenciais.

Exemplo de Legenda para a Priorização das Competências.
Exemplo de Legenda para a Priorização das competências.

É importante partir com os itens já priorizados para evitar aquela mudança de prioridade só para ficar “bem na fita”.

Passo 3: quem faz parte do time hoje?

Vamos montar uma matriz. No eixo X (horizontal) ficam as pessoas e no Eixo Y (vertical) ficam as competências do time. Digamos que o nosso time hoje seja composto por essas três pessoas:

Marcos: Designer Pleno
Miguel: Desenvolvedor de Software Sênior
Mauro: Infraestrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação Sênior

A matriz inicial ficaria assim:

Exemplo de Matriz de times
Exemplo de Matriz de times

Passo 4: qual a nossa escala?

Definir uma escala é fundamental. Por sugestão, podemos dizer:

  1. Não tenho interesse
  2. Não pratico
  3. Iniciante
  4. Pratico
  5. Posso Ensinar
  6. Expert

É importante ressaltar que queremos que o time seja multidisciplinar e não que as pessoas sejam competentes em todas as disciplinas.

Por isso, é importante deixar o espaço para a pessoa falar que não tem interesse em um item. Se você quiser utilizar uma escala menor, tipo: Sem Interesse, Iniciante, Intermediário e Avançado também é válido.

Passo 5: como está o nosso conhecimento?

Agora, todos os participantes devem dar uma nota que eles acham que possuem para cada competência desejada.

Como está o conhecimento do time
Como está o conhecimento do time

Passo 6: identificação das competências necessárias

Para cada item que todos do time deram notas 0, 1 ou 2, sabemos que não temos a competência necessária. Neste exemplo, vemos claramente que há um grande abismo na área de Negócios. Também quase não há capacidade de evoluir a Cultura do time e há grande deficiência Organizacional. Esse é um cenário típico de um time excessivamente técnico.

Agora sabemos do que precisamos. Só há duas opções: trazer pessoas para completar as competências necessárias e/ou desenvolver as competências das pessoas no time.

Fique atento que ambas as alternativas apresentarão um ponto de saturação. De um lado, inchar demasiadamente o time acarretará um custo de coordenação enorme. Por outro lado, há o limite e desejo das pessoas com a aprendizagem.

Veja as seções: Tamanho do Time e São Pessoas no final do artigo: Quem é o Time de Desenvolvimento do Scrum?

Exemplo de times multidisciplinares
Exemplo de times multidisciplinares

Quer saber mais sobre esse assunto?

Conheça mais sobre os treinamentos de Advanced Certified ScrumMaster (A-CSM) e Transformação Ágil em Escala.

E aí, curtiu o artigo? Não esqueça de deixar seu comentário e compartilhar seu feedback com a gente!

Aproveite para conferir o vídeo do Rodrigo de Toledo, co-fundador da K21, sobre times multidisciplinares!

YouTube video

Ouça, também, o papo do Love The Problem sobre Squads e Agilidade Organizacional!

Sobre o autor(a)

Trainer na K21

Avelino Ferreira é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na TI, começando como programador e chegando a gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis em 2008. Desde então, se dedica a auxiliar outras empresas na construção da cultura ágil. Atualmente, é Consultor e Trainer na K21

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