De tempos em tempos, pula no meu feed de notícias uma manchete bombástica no estilo: X está morto! Veja aqui minha novidade salvadora. Várias coisas já foram assassinadas: Ágil, eXtreme Programming (XP), Scrum, Test Driven Development (TDD), Design Thinking até o Manifesto Ágil já foi morto algumas vezes.
A maioria das vezes esse tipo de título é um click bait (isca de cliques). Chama a sua atenção, você fica curioso, clica e com isso você ajuda o SEO (Search Engine Optimizer) da pessoa e a torna mais conhecida. Em tempos de mídia social: “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”.
Neste texto, falaremos um sobre o The Walking Dead da agilidade. Métodos, frameworks, práticas e valores que muitos dizem que já morreram, mas continuam andando por aí.
The Walking Dead. Série de terror / suspense sobre Zumbis produzida pela AMC (2010 – Presente)
Rei morto, rei posto.
Esse tipo de “novidades” seguem alguns padrões: título chamativo, descrição longa e detalhada de como a pessoa fracassou com o “defunto” e a solução inovadora que ela criou e será a próxima hype do desenvolvimento de produtos e serviços.
Pesquisando no Google pelos “defuntos”, temos alguns resultados interessantes:
Termos | Quantidade de Resultados |
---|---|
“design thinking is dead” | ≅ 59.000 |
“agile is dead” | ≅ 25.000 |
“scrum is dead” | ≅ 6.300 |
“new agile manifesto” | 118 |
“extreme programming is dead” (infelizmente existem vários termos com o nome XP, ex: Windows XP). | 10 |
“kanban is dead” | 8 |
“Avelino is dead” |
0 (ufa, essa foi por pouco) |
Ou seja, está todo mundo morto, mas não se preocupem. Só para o Manifesto Ágil, temos mais de 100 novos deles para nos salvar.
Muito legal essa ideia, vamos guardá-la aqui na obscuridade
A novidade salvadora não vai muito longe por diversos motivos.
- não é inovadora. É só uma forma um pouco diferente de fazer o que já era feito;
- é um modelo teórico, nunca validado;
- as pessoas perdem o interesse no meio da leitura;
- falta de detalhamento para que seja aplicada em outros contextos;
- muito específico;
- marketing falho;
- falta de empatia com o leitor e os problemas que ele já passou.
Entre muitos outros. O que eu particularmente gosto mais é o Complexo do Vovô Simpson: a pessoa reclama, reclama, reclama, grita aos quatro ventos quão ruim é a ideia original, mas não oferece nenhuma solução.

Eu vejo gente morta!
O fato é que você continua vendo e ouvindo sobre os “mortos” e não é por acaso. Eles foram criados por pessoas que, verdadeiramente, querem melhorar a forma de trabalho que temos e não ganhar likes em redes sociais. Como exemplo, vejamos o preâmbulo do Manifesto Ágil:
“Estamos descobrindo maneiras melhores de desenvolver software, fazendo-o nós mesmos e ajudando outros a fazerem o mesmo.”
(Agile Manifesto, 2001)
Ele não dá um tiro nos modelos tradicionais. Ele sequer os menciona.
Os modelos já aplicados, adaptados, experimentados e validados, quando bem utilizados, dão ótimos resultados.

Não há uma bala de prata
Entretanto, isso não significa que os modelos que citei no início do texto sirvam para todos os contextos possíveis e imagináveis. Como dito por Fred Brooks, não há balas de prata. Outro ponto importante é que você terá que saber adaptar os modelos ao seu contexto específico. Não adianta pegar a forma como o Ágil foi aplicado pela Spotify, por exemplo, e aplicar na sua empresa. Não vai funcionar.
Não é para evitar a melhoria contínua
Quem lida com times e aperfeiçoamento de organizações deve ser capaz de ler os cenários em que está inserido e descobrir de forma prática e iterativa quais os modelos que melhor aplicam àquele contexto.
Adaptação é fundamental e divulgar resultados e fórmulas que você utilizou é um meio de colaboração e sempre bem-vindo.
Sem ficar preocupado com a caça aos likes, quem sabe você não cria o próximo método de trabalho inovador?
Quer conhecer sobre os métodos que menciono acima, veja os nossos treinamentos de:
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