Como não ficar míope na Agilidade?

Este post não tem tags.

Compartilhe:

A K21 marcou presença no Agile Portugal 2019, evento que aconteceu no Porto, no dia 31 de maio. Organizado pela comunidade, o Agile Portugal é a principal conferência internacional no país sobre o desenvolvimento ágil de software e suas práticas, tecnologias, atitudes e experiências.

Com fortes nomes entre os speakers, o evento aconteceu na mesma semana do Agile in the Road em Lisboa, promovido pela K21 e pela Agile Now, que teve 160 participantes em turmas lotadas, totalizando 80 horas de formação.

No Agile Portugal, Lula, Agile Expert na K21, fez um Open Space sobre os 4 domínios da Agilidade. Em aproximadamente 30 minutos, ele facilitou a reflexão dos participantes sobre três formas de verificar a Agilidade olhando para os 4 domínios, sem esquecer nenhum.

No fim do evento, uma pergunta valendo prêmio: Quais são os 4 domínios da Agilidade? O vencedor, Fabiano Paul, um brasileiro, levou uma camiseta K21.

miopia na agilidade
Lula no Open Space sobre os 4 domínios da Agilidade, no Agile Portugal
miopia na agilidade 2
No fim do evento, Lula fez uma pergunta valendo uma camiseta K21

Domínio Técnico negligenciado

Para Lula, dos 4 domínios da Agilidade, o mais esquecido pelas pessoas e organizações é, de longe, o Técnico.

Para ele, existe atualmente uma crítica velada em alguns nichos quanto ao domínio Cultural, que provavelmente é a razão pela qual poucas pessoas hoje se apresentam como tendo mais habilidades culturais dentro da Agilidade.

“Fizemos este experimento algumas vezes em alguns eventos. O último experimento foi no Agile Portugal 2019. Nos resultados, vimos primeiramente um déficit no Cultural, e depois no Técnico.”

Lula pontua que basta analisar o número de submissões técnicas em eventos de Agilidade para verificar que o domínio Técnico é negligenciado. “Pouquíssimas palestras falando sobre excelência técnica, qualidade, ferramentas e práticas técnicas.”

Os impactos disso, segundo ele, são vistos tanto no campo social quanto no prático.

“Socialmente falando, a Agilidade está aos poucos perdendo contato com quem põe a mão na massa de fato. É intrigante ver isso acontecendo, já que a Agilidade nasceu exatamente do movimento técnico. Martin Fowler, Kent Beck e Uncle Bob são somente alguns dos signatários do Manifesto Ágil que são referências absolutas no domínio técnico, e de quem se ouve falar cada vez menos.”

De maneira prática, algumas consequências são:

  • desenvolvedores que fazem o feijão-com-arroz bem mal feito, mas que, por estarem fazendo Sprints ou usando Kanban, acreditam que são ágeis;
  • código fedido sendo entregue todo dia;
  • bugs em produção crescendo sem parar;
  • pessoas desistindo de ser desenvolvedoras;
  • desenvolvedores trabalhando desmotivados;
  • desenvolvedores não se sentindo parte do movimento ágil;
  • agilidade virando coisa de burocratas.

Como não ficar míope na Agilidade?

Segundo Lula, uma boa forma de não ficar “míope” é buscar boas referências e se aprofundar nelas.

“Dentro de cada domínio, procure boas referências: pessoas que mandam bem, eventos focados no assunto, princípios que norteiam o domínio mesmo antes da Agilidade, comunidades para discussões mais profundas, ferramentas utilizadas, posts em blogs, livros.”

No Open Space do Agile Portugal, foram construídas três formas em cima dos 4 domínios para acabar com a miopia:

  1. Métricas para cada domínio (como nos treinamentos da K21);
  2. Perguntas para diminuir a miopia em cada domínio;
  3. Um radar ágil, usado na K21 desde 2013, para autorreflexão sobre aspectos em cada domínio.

True Agile

Porém, quando fala em miopia, Lula tem a intenção muito mais de gerar tensão no sistema provocando mudanças evolutivas do que julgar quem é mais ou menos ágil.

“O que me preocupa é menos ‘ser ágil ou não’ e mais ‘achar que está tudo lindo, quando na verdade o seu cliente te odeia’. Com certeza, atualmente existe um movimento para ganhar a insígnia ‘sou ágil’, afinal o mercado está vendo a Agilidade com bons olhos. O perigo é o ágil pelo ágil, deixando de lado os princípios.”

Nesse sentido, o trabalho do Agile Expert (ou Agile Coach) é diminuir risco e aumentar a satisfação das partes envolvidas, principalmente o cliente.

O True Agile, lembra Lula, “é parte de quem você é e de como você se vê”. “É a base para gerar a tensão de ‘OK, onde eu preciso melhorar?’.

O termo, cunhado por Marcos Garrido em 2017, veio para diferenciar quem faz a Agilidade só pela Agilidade, e quem tem a Agilidade no DNA, com ela sendo parte de um sistema muito maior, com um propósito muito maior.

“O que falta às empresas é entender que a essência tem que evoluir, e não só a forma. E que o True Agile não é um ponto de chegada, mas sim o combustível mais potente do mundo para a melhoria contínua.”

“Se a melhoria é contínua, o trabalho também é”

No vídeo abaixo, Lula fala sobre o papel do Agile Coach e como o trabalho desse profissional é contínuo. “Se a melhoria é contínua, o trabalho também é.”

YouTube video

Mas ele lembra que, ao mesmo tempo, o retorno sobre o investimento não é constante. E é aí que entra um princípio que os Agile Experts da K21 seguem.

“Não podemos gerar dependência em quem consome o nosso serviço. A partir de certo ponto, mesmo o trabalho do Agile Coach sendo contínuo, o sistema tem que conseguir continuar evoluindo por conta própria, conosco retornando quando as mudanças no ambiente resultarem em uma oportunidade de melhoria que aumente novamente o retorno sobre o investimento do trabalho do Agile Coach. E o sucesso do Agile Coach está, ao meu ver, ligado a este princípio.”

Se você achou esse artigo interessante, trabalha com Agilidade e com software e não se sente apto a sentar com um desenvolvedor para falar sobre testes automatizados, TDD, qualidade de código, integração contínua e entrega contínua, aí vai um recado do Lula: “Inscreva-se HOJE no Certified Scrum Developer. Eu garanto que valerá a pena. Por uma Agilidade raiz!”

Sobre o autor(a)

Evolução Contínua de Pessoas e Organizações

Transformar pessoas e organizações ao redor do mundo é o que nos move. Mais do que ferramentas e métodos, promovemos uma nova cultura, onde negócios e pessoas entregam valor continuamente, experimentando, aprendendo e melhorando diariamente.

Artigos relacionados

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

O Kanban possui um guia de práticas muito interessante, que facilita a gestão do fluxo de uma equipe ou empresa. O nome dele é Kanban Maturity Model (Modelo de Maturidade do Kanban) ou KMM para os íntimos. Ele é um…

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

Imagine que você resolveu tirar um dia para dar aquela geral na casa. Você decidiu que vai varrer e limpar todos os cômodos, dar aquela embelezada no carro e arrumar o jardim. A princípio tudo faz parte do grande serviço:…

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

Muitos não sabem, mas kanban não é o quadro de mapeamento de fluxo de trabalho. Na verdade, traduzindo do japonês, 看板 (kanban) significa placa de sinalização. Se fossemos muito puritanos, ao invés de dizer que temos um quadro kanban, o…

Avelino segurando um microfone e uma camiseta preta escrita Agile. Ele é pardo, barba e cabelos grisalhos.

Muitas empresas que passam por transformações ágeis já querem começar utilizando Métodos Ágeis em escala. Para tal, adotam frameworks como SAFe e outros. Entretanto, trabalhar em escala pode ser difícil e complexo, pois todos os problemas que ainda não foram…