Como sair do Triângulo do Drama? Conheça o Triângulo do Criador

Já se pegou pensando “Por que isso sempre acontece comigo?” depois de um projeto que deu errado? Ou talvez tenha se flagrado apontando o dedo para sua equipe após um lançamento malsucedido? Quem sabe você é aquela pessoa que sempre “salva o dia”, resolvendo problemas que nem eram seus para começar?

Diante de um fracasso ou situação difícil é comum que a gente assuma uma dessas posturas: sentir-se impotente e injustiçado, atribuir culpa a si mesmo ou aos outros, ou então intervir drasticamente para salvar o dia.

Se você se viu em alguma dessas situações, calma! É mais comum e fácil de acontecer do que você pensa. Na verdade, o problema é se você estiver preso no que chamamos de Triângulo do Drama, uma dinâmica que afeta muitos de nós, especialmente em posições de liderança.

O Triângulo do Drama (criado por Stephen Karpman) descreve três arquétipos nos quais as pessoas frequentemente se enquadram quando enfrentam conflitos ou estresse: Vítima, Vilão ou Herói. É crucial entendermos que cada arquétipo é reativo e inconsciente – não fazemos isso de propósito. No entanto, esse padrão cria um ciclo que mantém equipes e líderes presos no drama, em vez de avançar.

Detalhando um pouco mais os três:

A imagem representa o "Triângulo do Drama", um conceito comum em dinâmicas interpessoais. Ela é composta por três vértices representados por ilustrações: No topo esquerdo: Um vilão caricatural com chapéu e expressão maliciosa. No topo direito: Uma heroína com capa e expressão confiante, mostrando determinação. Na base inferior: Uma vítima com expressão de medo e surpresa. No centro do triângulo, há um texto que diz "TRIÂNGULO DO DRAMA", escrito em preto sobre um fundo laranja. As bordas do triângulo são marcadas por linhas pretas. A disposição das figuras reflete os papéis típicos nesse modelo: o vilão, a heroína (ou salvador) e a vítima.
O Triângulo do Drama: Vilão, Herói (Heroína) e Vítima

A Vítima

É aquela pessoa que se sente impotente. Ela acredita estar à mercê de circunstâncias externas, frequentemente pensando: “Por que isso sempre acontece comigo?”. Cria uma aversão à responsabilidade e tende a terceirizar essa responsabilidade para uma liderança (ou para outro setor). Dentro do seu julgamento, ele sempre acha que têm alguém o oprimindo. Estar nesse arquétipo te impede de pensar “as claras” e ter uma atitude mais proativa sobre o problema. Quem está nesse arquétipo fica preso ao sentimento de “coitado(a) de mim”.

O Vilão

O Vilão atribui a culpa. Seja para os outros ou para si mesmo, ele se concentra no que está errado, vendo o mundo através das lentes ranzinzas do julgamento e da crítica. “Se vocês me escutassem, nada disso teria acontecido”. Quando é alguém em posição de liderança, reduz a confiança das pessoas e não tem o time consigo. Lembram do filme “O Lobo de Wall Street”? É fácil imaginar os protagonistas nesse arquétipo, não é?

O Herói

O Herói intervém para “salvar o dia”, oferecendo soluções rápidas para fazer com que ele mesmo (e os outros) se sintam temporariamente melhor. Quantas vezes você já não assumiu esse arquétipo, fala a verdade? Quantas vezes você centralizou em você decisões que poderiam ser delegadas para o time? Assim você acaba inibindo o crescimento e accountability (responsabilização) do time, afinal de contas, é confortável ter um(a) chefe herói(na) que leve a culpa quando algo dá errado.

Como líderes, frequentemente navegamos por problemas e situações complexas, e, sem perceber, podemos assumir um desses arquétipos. Como se diz, ninguém é só luz ou só sombra. Todos temos nossos defeitos e qualidades. Mas o alerta que tenho trazido para alguns líderes e quero te provocar aqui é:

SERÁ QUE VOCÊ ESTÁ MORANDO DENTRO DO TRIÂNGULO DO DRAMA?

A intenção é que você reflita um pouco sobre o quanto têm se pego repetindo os anti-padrões do triângulo listados acima. E entender a correlação disso com o seu próprio desgaste pessoal.

Superando o Triângulo do Drama

Para sair do Triângulo do Drama, precisamos abraçar o que “The 15 Commitments of Conscious Leadership” chama de “Triângulo do Criador”. Este novo triângulo também tem três arquétipos:

Criador ao invés de vítima

Em vez de ver problemas como “fardos”, o criador os vê como oportunidades. Eu uso muito a expressão nerd (que mostra minha origem na TI) “transformar esse bug em uma feature”. Uma pessoa no arquétipo de criador, quando se depara com um problema, pergunta: “O que posso fazer para mudar esta situação?”.

Desafiador ao invés de vilão

Em vez de culpar, o perfil desafiador se concentra em feedback construtivo. Ele pergunta: “Como todos podemos crescer com isso? Como aprender com o que erramos para não precisarmos viver de novo o mesmo erro?”

Coach ao invés de herói

Em vez de entrar para salvar o dia, o Coach capacita os outros a encontrar suas próprias soluções. Isso pode significar encorajar sua equipe a pensar criticamente sobre um plano ou guiá-los através do processo de tomada de decisão que você seguiria, em vez de simplesmente fornecer todas as respostas. Já adianto que é preciso ter paciência, como liderança. Afinal, “se você resolvesse, estava feito mais rápido”.

Conclusão sobre o Triângulo do Drama

Libertar-se do Triângulo do Drama não é fácil, mas como líderes, é essencial se quisermos fomentar uma cultura de responsabilidade, respeito e colaboração.

Da próxima vez que você se encontrar em uma situação de alta pressão, reserve um momento para refletir: estou escorregando para o arquétipo de Vítima, Vilão ou Herói? Como posso mudar para ser um Criador, Desafiador ou Coach?

Lembre-se, a mudança começa com a consciência. Ao reconhecermos esses padrões em nós mesmos e em nossas equipes, podemos dar o primeiro passo para criar ambientes de trabalho mais saudáveis e consequentemente sermos melhores líderes.

E você, já identificou algum desses arquétipos em sua equipe ou em si mesmo? Como tem lidado com essas situações? Compartilhe suas experiências comigo! Será um prazer trocarmos ideias.

Até a próxima, e que possamos continuar evoluindo como líderes!

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Sobre o autor(a)

Cofundador e Trainer na K21

Carlos Felippe Cardoso é cofundador da K21 e tem experiência em métodos ágeis desde 2004. Palestrante nos maiores eventos de agilidade do Brasil e da Europa, é instrutor do treinamento de CSD (Certified Scrum Developer), pela Scrum Alliance, e também instrutor oficial de Kanban (AKT – Accredited Kanban Trainer), pela Kanban University. Como Executivo, possui vasta experiência em Transformação Digital e Liderança, atuando especialmente no C-Level de empresas.

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