Características de times de alta performance: Estrutura

Marcos Garrido, Sócio-fundador e Trainer na K21

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Chegamos à terceira e última publicação da nossa série sobre alta performance. No post desta sexta-feira, 03/11, nós vamos abordar a estrutura dos times, ou seja, como eles estão organizados.

1) Longo Prazo

Nós só conseguimos alcançar a alta performance em uma esfera de longo prazo. Aliás, esse é um dos enganos mais comuns de times jovens: achar que já chegaram lá após poucos meses juntos. Ou seja, melhoria contínua praticada constantemente é fundamental, mas se o time foi criado para um tiro curto, todo o aprendizado gerado é jogado fora quando o time é desmontado. E a mais pura verdade é que estamos falando o tempo todo aqui de melhoria contínua e aprendizado constante. Times que trabalham juntos por muito tempo tem grandes chances de chegar lá. Claro que muitas pessoas têm dúvida de como prosseguir quando o time esgota o aprendizado, afinal, um grupo junto muito tempo tenderia a perder a criatividade. Digamos que isso seja verdade. Hackathons, techtalks e outras iniciativas ajudam a renovar o ar, sem necessariamente provocar mudanças na formação dos times.

2) Empoderamento

Empoderamento é outro aspecto claramente negligenciado em organizações mais tradicionais.  No entanto, sem empoderamento, o time perde a capacidade de experimentar, e pior, criam-se gargalos no processo de tomada de decisão, uma vez que é o gerente quem decide tudo. Claro que o processo decisório não é uma chave liga-desliga mas sim um processo de aprendizado contínuo. Times de alta performance não só são empoderados para decidir sobre aquilo que os impacta como também decidem sobre o rumo do trabalho, qual tecnologia e ferramentas serão usadas e etc. Não esqueça que empoderamento traz consigo uma enorme responsabilidade (ou accountability), que é altamente desejável em ambientes de alta performance.

3) Dedicados

Quem nunca ouviu falar daquele fulano que estava em três times ao mesmo tempo? Uma hora aqui, outra ali e a vida do fulano parece uma grande confusão. Empresas que não resolveram o problema da gestão de conhecimento acabam invariavelmente caindo na armadilha de alocar as pessoas em vários lugares ao mesmo tempo. Claro que esse tipo de iniciativa aumenta a incerteza, causa estresse, gera inúmeros problemas e leva a organização a trabalhar sempre com especialistas ao invés de generalistas. Times precisam de pessoas 100% dedicadas. Ou contamos com as pessoas o tempo todo, ou nunca saberemos na prática como gerenciar essa bagunça toda. E aí entram os timesheets que por sua vez multiplicam a burocracia e reduzem a produtividade enormemente.

4) Pequenos

Times de alta performance são invariavelmente pequenos. E existe um motivo muito simples: aumenta-se enormemente a complexidade do ambiente (comunicação, organização, tempo gasto em reuniões e etc) ao adicionar mais pessoas ao time. Fora o fato de que acabamos por criar silos, o que por si só já impacta negativamente na gestão do conhecimento. Jeff Sutherland, criador do Scrum, diz que podemos seguir a tradicional recomendação de 3-9 pessoas em um time, mas ele mesmo faz uma ressalva: nunca chegue no 9. Concordo. Os melhores times com os quais trabalhei na última década não passavam de 6 pessoas. O mais incrível de todos tinha apenas 5 (sim, contando o Product Owner e o ScrumMaster).

5) Estáveis

Muitas empresas ainda tratam as pessoas como recursos, jogando-as daqui pra lá e de lá pra cá, sempre com a linda desculpa de apagar incêndios. Não consigo entender como as organizações ainda não perceberam que isso é um ciclo vicioso: jogar as pessoas daqui pra lá e de lá pra cá só gera mais incêndios, pois a troca de conhecimento é sempre pobre, a gestão é uma loucura e a produtividade é invariavelmente baixa. Times precisam de estabilidade. Não se mexe na formação do time, pois isso impacta diretamente na capacidade de estimar (se o time ainda trabalha com estimativas), organizar o trabalho, planejar e etc.

6) Sentam juntos

Esse é o item mais polêmico de todos até porque as pessoas estão cada vez mais trabalhando de maneira remota, principalmente em países onde os salários são mais baixos. Sim, o motivo principal não é o bem estar das pessoas como se imagina, mas a redução de custos. A questão aqui envolve alguns aspectos: troca de conhecimento, dificuldade de comunicação, timezones diferentes, culturas diferentes e etc. Já pensou em pair programming online, com o desenvolvedor que está num fuso-horário completamente diferente e que você nunca o viu ao vivo? Pois é, não é fácil. Penso sempre naquele gráfico do Alistair Cockburn, adaptado pelo Scott Ambler, que mostra que a comunicação face a face é a forma mais eficiente. Acredito fortemente nisso.

Perdeu os outros posts da série de alta performance? Não tem problema! Abaixo estão os links para você conferir:

Valores de Times de Alta Performance
Práticas de Times de Alta Performance

Gostou desta série? Queremos ouvir vocês! Quais valores, práticas e estrutura organizacional seu time adota em busca da alta performance? Comenta aí! 😉

Marcos Garrido, Sócio-fundador e Trainer na K21

Sobre o autor(a)

Co-fundador, Consultor na Nower e Trainer na K21

Marcos Garrido, co-fundador da K21, é Certified Enterprise Coach (CEC), Certified Scrum Trainer (CST) e Certified Team Coach (CTC), fazendo parte do seleto grupo no mundo que possuem as três certificações mais importantes da Scrum Alliance. Com grande atuação internacional, possui larga experiência em Transformação Digital e Gestão de Produtos.

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