Sua empresa começou com trabalho remoto agora. Da diretoria ao time operacional, todos estão distribuídos e há um receio de que o trabalho não seja tão produtivo. Como podemos garantir que neste cenário a produtividade será mantida (ou até aumente) e não ocorra desalinhamento entre as equipes, gestores e liderança?
Experimente ouvir o artigo “Trabalho Remoto: guia de facilitação de dinâmicas”!
Quando trabalhamos remoto, mesmo que nos dediquemos com mais afinco e por mais horas, é bem comum que a distância gere desalinhamento e desperdício. Como podemos garantir que as pessoas estão trabalhando e colaborando no que importa?
O desafio das reuniões em trabalho remoto
No trabalho distribuído, é possível que as empresas se tornem até mais produtivas. Mas, para isso, precisamos de alguns fatores chave que fazem toda a diferença:
- alinhamentos frequentes e eficazes;
- trabalho visível;
- priorização;
- cultura.
O objetivo deste material é ajudar principalmente o primeiro item e um pouco do segundo. Para isso, vamos abordar como fazer facilitação de dinâmicas em times distribuídos (vale para times de desenvolvimento, operações, liderança e para reuniões de diretoria). Isso permitirá que os alinhamentos sejam eficazes e que o tempo que as pessoas dediquem à execução não se torne desperdício.
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Vamos partir aqui da premissa que você identificou a necessidade de agendar uma reunião, com assunto que pode, por exemplo, ser um dos abaixo:
- Alinhamento estratégico
- Plano de ação para resolver um problema
- Coordenação entre times
- Cerimônias do Scrum
- Definição de roadmap
- Refinamentos de backlog
- Alinhamentos de negócio ou técnicos
- Resolução de conflitos
- Etc.
Setup com participantes
Se as ferramentas que você vai usar não são parte do dia a dia dos participantes, busque agendar um teste com no máximo um dia antes da reunião de fato. Dê tarefas para eles executarem, faça uso de todas as ferramentas e de todas as funcionalidades que você puder para garantir que não haja soluções “em produção”.
Ao começar a reunião
Check-in
É importante começar a reunião com um check-in para conectar as pessoas e reduzir a chance de elas abrirem qualquer outra aplicação e focarem em outra coisa.
Peça para cada pessoa que entrou na reunião escrever no chat as seguintes informações:
- nome
- atuação
- como está chegando a esta reunião
Acordos
É importante que alguns combinados estejam claros. Liste de forma visual (preferencialmente no board ou Apresentações em ferramentas como Powerpoint ou Google Presentation) e compartilhe sua tela mostrando uma lista como a abaixo:
- Garanta que está em um lugar com internet estável
- Se travou, avise por texto e reinicie
- Use um notebook ou desktop com câmera e microfone
- Teste as ferramentas que vamos usar antes de começar
- Mantenha seu microfone SEMPRE no mudo quando você não estiver falando
- Comece dizendo quem está falando (principalmente se for apenas áudio)
- Mantenha sua câmera ligada (exceto se sobrecarregar a conexão)
- Respeite o timebox
- Espere a outra pessoa terminar antes de começar a falar
- Pratique escuta ativa
- Mantenha água (e comida também, se quiser) por perto
- Faça pausas de 5 min a cada ~1h
Os itens da sua lista devem ser adequados de acordo com a dinâmica, as ferramentas e as necessidades dos participantes. Veja como o artigo pequeno guia de etiqueta para reuniões remotas pode te ajudar!
Fazendo puxado
Nós acreditamos que a melhor forma de gerar aprendizado e chegar a um consenso é puxada, e não empurrada. Mas o que isso quer dizer?
Imagine que você está fazendo uma reunião para definir um plano de ação, e esta reunião é online. Geralmente, o que vai acontecer é que, ainda mais do que em uma reunião presencial, as pessoas vão aguardar para que uma liderança conduza, enquanto os demais escutam. É muito comum que em reuniões online uma ou duas pessoas falem e o resto fique em silêncio.
É importante deixar claro que estas pessoas em silêncio fatalmente têm coisas a dizer e, na ausência de espaço para fazê-lo, vão desengajar e começar a focar em outros assuntos. Isso não é um problema delas, mas da dinâmica. A reunião vai se tornar improdutiva e não haverá consenso ou alinhamento, por mais que todos saiam dizendo que concordam.
Para manter a reunião produtiva, precisamos nos preparar para gerar o engajamento de todos e gerenciar a forma que as informações de cada indivíduo são expostas e trabalhadas.
Câmera ligada, microfone desligado
Para que todos consigam interagir entre si de forma rica, é crucial lembrar que a linguagem não verbal é responsável por 93% da nossa comunicação. No entanto, se todos ligarem o microfone simultaneamente, a reunião vira o caos. Então a melhor prática é que todos mantenham a câmera ligada, e o microfone desligado, ligando apenas quando for falar.
Isso permite não apenas que os participantes se comuniquem melhor, como eles mantenham o foco por mais tempo por saber que estão observando e sendo observados, e também permite que o facilitador identifique flutuações de ritmo e interesse, e reaja com a facilitação de acordo.
Respostas no chat
Em uma facilitação presencial, normalmente fazemos perguntas e usamos nossa linguagem corporal e o olhar para “conduzir” quem fala e quem espera. Isso não é tão fácil em uma facilitação remota, então use e abuse do chat para que as pessoas respondam as perguntas que você fizer. Você pode ler alto, e eventualmente pedir para um dos participantes detalhar melhor algo a que você queira dar destaque.
Da mesma forma, se várias pessoas querem falar e abrem o microfone para isso, a reunião fica impossível. No entanto, se cada pessoa escreve no chat “quero falar”, isso naturalmente cria uma ordem, uma fila de espera. O facilitador pode então chamar nome a nome, e cada pessoa pode falar e ser ouvido de uma forma produtiva.
Usando facilitação visual
Quadros Virtuais (online boards)
Crie um board em uma ferramenta online, como por exemplo o Miro ou Deskle. Tente estruturar quais são os passos da sua dinâmica e prepare os materiais virtuais que você vai precisar durante a dinâmica.
Evite improvisar! Se tiver que improvisar, faça porque alguma oportunidade surgiu na hora, e não porque você deixou de se preparar.
Preparando a dinâmica
Crie um tutorial para que as pessoas tirem dúvidas de forma assíncrona, como abaixo. Isso vai permitir que os participantes tirem dúvidas sem parar a dinâmica para todos ou tirar o foco porque tem uma ferramenta que eles não entenderam.
Crie uma estrutura para a dinâmica e já deixe essa estrutura explícita. Neste cenário, montamos as informações gerais, os participantes, acordos, passo a passo da dinâmica e um modelo.
Área de Trabalho
Quando já de partida pedimos para as pessoas escreverem no formato final, novamente vemos o fenômeno de um participante assumir a liderança e os demais se tornarem espectadores. Por isso, usamos as mesmas técnicas de 1-2-todos da facilitação presencial. Para que isso funcione, as pessoas deverão ter um espaço para escrever livremente, e só quando for o momento apresentarem o que criaram para o grupo.
Para viabilizar isso, crie um espaço para as pessoas usarem como área de trabalho. Aqui elas podem rabiscar, criar post-its e formas, sem que isso afete a estrutura da dinâmica. É um espaço livre para brainstorming, e para não ancorar os demais participantes sobre o que cada um está escrevendo.
Elementos ocultos
Um dos possíveis problemas de entrar na dinâmica com tudo estruturado e os elementos todos visíveis é que em vez de prestar atenção na dinâmica, os participantes podem ceder à ansiedade e começar a explorar estes elementos. Se você não quiser que as pessoas tenham acesso às próximas etapas da dinâmica, cubra estes elementos com um quadrado e o bloqueie, para que só você possa retirá-lo de lá.
Esses elementos podem ser diversos: desde instruções para as próximas etapas da dinâmica até frameworks e materiais didáticos que podem surgir de acordo com o ritmo da turma, suas necessidades e dificuldades.
Quando você der uma tarefa para os participantes, peça para eles, ao terminar, tirarem os cursores de perto da área de trabalho. Desta forma você vai saber quando todos terminaram e pode retomar a facilitação.
Terminando a reunião
Cinco minutos antes de o horário da reunião acabar, encerre o assunto, verifique se as definições e ações a serem executadas após a reunião estão claras e finalize a reunião com um checkout.
Uma boa forma de fazer um checkout é conectar com o checkin e perguntar em uma palavra como as pessoas estão saindo desta reunião. As respostas vão prover feedbacks muito importantes caso haja conflitos que ainda precisam ser resolvidos e se a reunião cumpriu seu propósito.
Isso permitirá que você identifique a necessidade de um trabalho posterior para resolver qualquer ponta solta e evoluir sua facilitação para que ela se torne cada vez melhor.
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Este guia foi criado com base em boas práticas definidas por Monira Lima, Johannes Wiegerinck, Rafaela Sampaio, Danilo Risada, Samira Tavares, Renan Melo, Alex Marmute e Andressa Chiara.
Escute também o episódio sobre Trabalho Remoto no Love The Problem