A Direção é Mais Importante que a Velocidade (Gestão)

Este post não tem tags.

Compartilhe:

A frase de Edson Marques é válida em vários contextos, este texto aborda apenas o domíno da Gestão.

A Direção é Mais Importante que a Velocidade

Recentemente, quando explicava o valor da OCIOSIDADE em um time de trabalhadores do conhecimento (por exemplo, programadores), fui questionado:
“Você quer dizer que em alguns casos é melhor que algumas das pessoas não façam nada?”
Sim, é isso mesmo!

Em todo sistema produtivo há um processo pelo qual uma demanda atravessa até que se transforme em valor entregue. Em quase todos os sistemas há um gargalo e é ele quem dita o ritmo (pense numa sequência de canos d’água interconectados, o mais fino deles é aquele que dita o ritmo da vazão de saída). No exemplo da figura a seguir, o gargalo está nos testes manuais. Qualquer atuação fora dele não contribui para o resultado final. Mais que isso, ele atrapalha, porque uma vez que se aumenta a quantidade de itens começados e não terminados, há um custo de coordenação.

Exemplo de processo onde o gargalo está nos testes manuais.
Exemplo de processo onde o gargalo está nos testes manuais. A velocidade final é determinada pelo gargalo.

 

A sugestão é que as pessoas reflitam antes de começarem um novo item.
Pode simplesmente não valer a pena!

Mas o que fazer com essa ociosidade. Vou apresentar algumas opções:

  • se movimentar para ajudar onde está o gargalo (em software, pode ser o deploy, ou a fase de testes manuais etc…);
  • pode-se trabalhar em uma melhoria contínua;
  • pode-se aproveitar o tempo para aprender algo novo ou fazer uma pesquisa;
  • outra opção é implementar uma automação no sistema;
  • realizar alguma tarefa rotineira, como fazer um relatório;
  • ou simplesmente, o ócio criativo (que permitirá novas ideias ou novas formas de se implementar as ideias).

Se você está pensando, “mas a pressão de manter as pessoas ocupadas é a chave para que trabalhem”. Então nesse caso você deveria aprender mais sobre motivações intrínsecas em um conteúdo que chamamos de Management 3.0.

Agora, se você está querendo saber mais sobre como descobrir o gargalo para que possamos atuar nele, então a dica é estudar sobre Kanban e a sua maneira de mapear processo tal que torne isso evidente.

No modelo de gestão do século XX, a obrigação do chefe era botar todo mundo para trabalhar. Já no século XXI, se espera uma gestão que fique de olho em maximizar o valor entregue. O foco errôneo na velocidade ao invés da direção também acontece no domínio de Negócio e no domínio Técnico, bons tópicos para textos futuros.

Sobre o autor(a)

Consultor, Trainer e Cofundador da K21

Rodrigo de Toledo é co-fundador da K21, Certified Scrum Trainer (CST) pela Scrum Alliance, Kanban Coaching Professional (KCP) e Accredited Kanban Trainer (AKT) pela Kanban University, além de Licensed Management 3.0 Facilitator. Com Ph.D na França, possui diversos artigos internacionais e lecionou por doze anos na PUC-Rio e na UFRJ, duas das principais universidades da América do Sul.

Artigos relacionados

Um pouco do que foi o evento Product to Rescue em 9 de Julho 2024   Foco no problema Manter o foco no problema pode ser Old School mas ainda está em alta. Ficamos muito presos em problemas inexistentes ou…

Após terminar de ler o livro Ruído de Daniel Kahneman, decidi reler alguns clássicos que não olhava há algum tempo. Dentre eles, Rápido e Devagar do mesmo autor e Pensando em Sistemas de Daniela Meadows. Não pude deixar de perceber…

O Guia do Scrum fala sobre o refinamento do Product Backlog: “O Product Backlog é refinado conforme necessário” (p. 9). Todavia ele não descreve exatamente o que é o refinamento. Uma reunião, uma atividade, um processo. Neste artigo vamos jogar…

Marcos Garrido, Sócio-fundador e Trainer na K21

Existem muitas formas de organizar as métricas de seu produto / empresa. Aqui neste blog já escrevemos sobre as Métricas do Pirata, Fit For Purpose (F4P) e Métricas nas Quatro Áreas de Domínio da Agilidade. Todavia, agora, queremos falar sobre…