Por quê? É a pergunta mais importante do mundo!

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“Por quê?” É a pergunta mais importante do mundo! Sabe por que? 🙂

Em nosso trabalho, é muito comum termos certezas. Utilizamos muitas “verdades” frágeis e acabamos nos frustrando quando essas encaram a realidade e acabam trituradas. Precisamos de menos certezas e mais questionamentos. Qual a relação disso com “histórias de usuários”? Vamos descobrir!

Gosto de instigar essa discussão começando por listar as 6 principais perguntas do mundo. Sim, são só 6: “Como?”, “O quê?”, “Onde”, “Por quê”, “Quando” e “Quem”.

5w1h ou 5w2h?

Normalmente, as 6 perguntas são chamadas de 5w1h por suas iniciais em inglês: What, When, Where, Who, Why e How. Por exemplo, ao se contar uma história, devemos responder às seis perguntas para que ela fique completa.

É claro que um escritor ou um jornalista pode deliberadamente escolher as perguntas que irá ou não responder. Mas todo o seu conteúdo pode ser mapeado com cada uma das perguntas.

Eventualmente, pessoas de administração resolveram incluir mais uma pergunta: Quanto Custa? (ou, em inglês, “How much?”), transformando o conjunto em 5w2h.

Curiosamente, a lista original vem do tempo de Aristóteles. E, de fato, havia a sétima pergunta. Eram as Sete Circunstâncias da obra Ética a Nicômaco.

Elas eram: “Quem?”, “O quê?”, “Quando?”, “Onde?”, “Por quê?”, “De que maneira?” e “Por que meios?”. Essas duas últimas acabaram fundidas no “Como”. E, para trazer o nosso ponto aqui, vamos manter a versão 5w1h.

 
Os 5W1H: Por que? Why? - Como? How? - Quem? Who? - Onde? Where? - Quando? When? - O que? What?
5W1H

 

 
Os 5W1H: Por que? Why? - Como? How? - Quem? Who? - Onde? Where? - Quando? When? - O que? What? - Quanto Custa? How Much? Sendo uma derivada
5w2h. O How Much costuma a ser algo derivado da resposta a outras perguntas. Por exemplo: Quem fará? O que fará? Quando fará? Como fara?

 

Prioridade

Temos uma frase que diz: “qualquer lista maior ou igual a 2 tem que ser priorizada”. Essa lei da priorização é um confronto a um modelo tradicional de pressão para se fazer tudo. Como estamos diante de uma lista de 6 itens, temos que aplicar a lei da priorização.

"Qualquer

 

 

Por dezenas de vezes, aproveitei o público de uma aula, workshop ou palestra. E priorizamos a lista das seis perguntas com inteligência coletiva, usando a técnica de Dot Voting.

Ela segue alguns padrões que se repetem independentemente da origem do público (empresas pequenas ou grandes, governo ou não, Brasil, EUA, México, Portugal ou França…).

“Por quê?”, a mais importante

Em todas às vezes, o “por quꔑ ganha a votação! Muitas vezes, de lavada, chegando ao dobro de votos do segundo colocado. Esse resultado está ligado à importância do entendimento do propósito, que é uma das três principais motivações intrínsecas para o trabalhador do conhecimento.

Para nosso desespero, em nossas consultorias, a maioria não consegue responder ao segundo “por quê?” quando investigamos o que estão fazendo (não sabem responder “o porquê do por quê”). Outro autor famoso, Simon Sinek, defende que devemos sempre começar pelo “por quê?”.

“Por quê?”, “O quê?” e “Quem?”

Quase sempre em 2º lugar, temos: “o quê?”. Em 3º lugar, há uma alternância entre “quem?”, “como?” e “quando?”, com predominância do “quem?”. E são justamente essas três perguntas a que o formato User Story pretende responder.

O formato de História de Usuário (User Story). Texto escrito: Eu, enquanto quem quero o quê para por quê.

 

Modelo de História de Usuário (User Story)

Eventualmente entre as top três, aparecem o “como?” e o “quando?”. Normalmente, isso é reflexo do perfil do público.

Quando os que estão votando são de um perfil mais técnico, é o “como?” que entra no top três. Já quando temos um grupo com a maioria do perfil de gerente de projetos, o “quando?” se sobressai.

Veja, na tabela abaixo, o resultado de 10 votações online feitas em 2020, com um público de 17 a 33 pessoas (cada indivíduo teve 3 votos).

Pergunta (5w1h) Turma 01 Turma 02 Turma 03 Turma 04 Turma 05 Turma 06 Turma 07 Turma 08 Turma 09 Turma 10
Como? 20 3 9 10 13 12 9 9 3 14
O quê? 27 15 28 23 29 30 26 21 17 28
Onde? 1 0 1 1 1 0 0 1 0 2
Por quê? 31 25 44 33 31 41 33 44 40 34
Quando? 8 1 6 8 6 4 9 7 6 11
Quem? 12 7 10 11 5 7 9 10 5 5

“Onde?” é a menos importante

Apenas uma curiosidade: todas as vezes em que fiz essa dinâmica de priorização, o “onde” acabou em último. Muitas vezes, com zero votos. Ninguém quer muito saber “onde” foi 🙂.

Outras razões para usar o formato User Story

  • Fatiamento: o próprio formato User Story induz a um bom fatiamento da demanda por focar na necessidade.
  • Foco no consumidor: faz toda a diferença contar uma história pela perspectiva do seu uso. Essa é, inclusive, uma forma de gerar empatia para quem escreve, lê ou trabalha para criar a solução.
  • Empatia: pense em uma boa User Story. “Eu, enquanto João, deficiente visual, gostaria de utilizar o portal do aluno sozinho porque não quero depender de outras pessoas.” Ao ler, você consegue imaginar um deficiente visual utilizando a ferramenta da empresa. A partir disso, em todas as histórias que sejam fatiadas dessa, o time de desenvolvimento poderá empatizar com o João. “O João consegue utilizar o portal do aluno sozinho sem a ajuda de terceiros?”
  • Independência: opostas a outros formatos tradicionais de requisitos, as User Stories têm alto grau de independência entre si (com poucas exceções). Isso permite uma priorização com altíssimo foco em retorno sobre o investimento.

Conclusão

São muitas as vantagens de descrever especificação de produtos e serviços com as Histórias de Usuários. Com este formato, respondemos às perguntas mais importantes do universo. Ele também nos possibilita resolver problemas que nossos consumidores e empresas possuem.

Por que utilizar user stories?

Assista ao vídeo para entender o que é User Story e qual problema este formato ajuda a resolver.

https://youtu.be/8lSk5U1Cjhg

Sobre o autor(a)

Consultor, Trainer e Cofundador da K21

Rodrigo de Toledo é co-fundador da K21, Certified Scrum Trainer (CST) pela Scrum Alliance, Kanban Coaching Professional (KCP) e Accredited Kanban Trainer (AKT) pela Kanban University, além de Licensed Management 3.0 Facilitator. Com Ph.D na França, possui diversos artigos internacionais e lecionou por doze anos na PUC-Rio e na UFRJ, duas das principais universidades da América do Sul.

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