eduScrum: a Agilidade chegou na educação

Fernanda Magalhães, Agile Expert e Trainer na K21

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Neste já conhecido mundo VUCA em que vivemos, volátil, incerto, complexo e ambíguo, trabalhar e reagir de maneira Ágil é uma questão de sobrevivência para as organizações. Neste cenário, a Agilidade veio para ficar, inclusive na Educação. Já ouviu falar de eduScrum?

Como estamos em um mundo que muda constantemente, numa velocidade nunca antes vista, trabalhar com um pensamento flexível, que está aberto a aprender, desaprender e reaprender (fazendo, assim, novas configurações mentais), é algo essencial.

E isto é algo que devemos ensinar desde o início do nosso processo de aprendizagem, ou seja, desde que somos crianças.

Neste cenário, a Agilidade veio para ficar, como uma tendência contagiosa, transformando a maneira de pensar nosso trabalho, as interações entre as pessoas e equipes.

E esse contágio é irreparável, vai entrando de setor em setor, promovendo organizações mais plurais, mais horizontais, e mais centradas no aprendizado contínuo.

Como era de se esperar, este movimento aterrissou também na educação.

O movimento começou há 15 anos, quando um professor holandês, Willy Wijnands, começou a aplicar e adaptar a abordagem iterativa e incremental do Scrum, um dos frameworks da Agilidade, em suas aulas de Ciências.

Pouco a pouco, foi contagiando também outros professores de distintos lugares do mundo a se questionarem continuamente sobre como motivar e envolver os alunos, de todos os níveis, cada vez mais no processo educativo.

Nasceu, assim, o eduScrum. E como o Scrum e toda a cultura Ágil, tem a ver com aprendizagem e evolução; é uma maneira de ajudar as pessoas a buscar esse aprendizado constante; é uma maneira de ajudar a manter viva a curiosidade, característica inata das crianças que deixamos de lado – ou até sufocamos – em sistemas tradicionais de ensino.

Mas o que é eduScrum?

o que é eduscrum

Explicando de maneira simples, eduScrum é um processo ativo de educação altamente colaborativa. É uma forma de ensinar, aprender e evoluir que ajuda os estudantes a encarar problemas complexos, através de uma abordagem baseada em criatividade, para potencializar o desenvolvimento pessoal e alcançar, efetivamente, os objetivos de aprendizagem de cada tema.

Para fazer isso, o eduScrum propõe que os alunos trabalhem em equipes auto-organizadas para gerir o fluxo de aprendizagem, colocando em prática o mindset Ágil desde a primeira aula.

Para facilitar o processo, os alunos trabalham em equipes, aprendem a administrar seu fluxo de temas a aprender, e visualizam o progresso através de ferramentas de pensamento visual.

eduScrum vira de cabeça para baixo o modo como tradicionalmente oferecemos educação

eduScrum vira de cabeça para baixo o modo como tradicionalmente oferecemos educação

A partir deste foco, os estudantes formam as equipes, que devem ter características diversas e complementares, completam as tarefas priorizadas em ciclos curtos de “trabalho” e mantém registro do progresso. Neste contexto, o professor ajuda a delimitar essas tarefas, acompanha o processo e dá apoio aos alunos.

Desta forma, os estudantes viram donos do seu próprio processo de aprendizagem, gerando uma espiral de motivação intrínseca (baseada em autonomia, propósito e maestria), diversão, crescimento pessoal e melhores resultados acadêmicos.

Educação com mais propósito

Neste framework, o professor começa envolvendo os alunos no “jogo” do aprendizado a partir de uma explicação do POR QUÊ aprender um determinado conteúdo, e O QUÊ será o conteúdo abordado no processo. Enquanto isso, os alunos se encarregam de ir desenhando o COMO para cada ciclo curto de “trabalho”.

Círculo Dourado

Uma das ideias chave dessa abordagem é favorecer o aprendizado personalizado, fomentando a interação através dos quatro Cs da educação: criatividade, colaboração, comunicação e pensamento crítico.

Assim como o Scrum, o eduScrum traz também os papéis necessários para o processo de aprendizagem, os eventos e alguns artefatos para facilitar no fluxo de trabalho. Ou seja, as equipes de alunos são facilitadas por um eduScrum Master, que ajuda na manutenção do método e da cultura Ágil no dia a dia, identifica e remove impedimentos.

O professor energiza o papel de Product Owner, determinando os diferentes conteúdos acadêmicos que devem ser abordados em cada ciclo, ou Sprint, e prioriza cada um de acordo com o valor para o processo de aprendizagem.

Cada equipe de alunos possui seu próprio Backlog de aprendizagem, priorizado, onde as tarefas vão se movendo em um quadro, e onde podem ver os avanços do conteúdo aprendido. No início de cada Sprint, a equipe planeja o trabalho que vai realizar ao longo do ciclo, estimando o esforço necessário para cada tarefa (Planning).

Diariamente, em cada aula os alunos se reúnem para falar brevemente dos avanços, compartilham o que já concluíram, o que vão aprender e se tem algum impedimento ou pedido de ajuda (Daily).

Ao finalizar cada Sprint, as equipes dedicam um tempo para mostrar os avanços e coletar feedback do PO (equivalente à Sprint Review do Scrum).

Finalmente, antes de iniciar outro ciclo de trabalho, a equipe realiza uma reunião de retrospectiva, onde analisa como podem melhorar suas interações e entregas, identificando pontos de melhoria na forma como trabalharam.

Os fundamentos pedagógicos do eduScrum

eduscrum

A abordagem do eduScrum foi pensada para promover um processo de aprendizagem mais eficaz e eficiente, fomentando o trabalho em equipe e o compartilhamento de conhecimento.

Para isso, este framework voltado para a educação traz uma cerimônia própria que consiste na formação de equipes de “trabalho”, com um formato colaborativo e baseado nas habilidades dos próprios membros de cada equipe.

E assim como sempre falamos sobre o próprio Scrum, eduScrum é muito fácil de entender, mas é difícil implementar. Como começar? Experimentando!

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Fernanda Magalhães, Agile Expert e Trainer na K21

Sobre o autor(a)

Agile Expert e Trainer na K21 e Nower

Atravessei o portal da agilidade em 2011. Do lado de cá, eu olhava pro lado de lá, e me questionava porque não estávamos todos juntos nesse novo mundo que estava logo ali! Desde então, comecei a me dedicar, estudar, experimentar e a ajudar as pessoas a fazer a travessia, pouco a pouco. Porque do lado de cá tem uma energia única, alguma mágica acontece. E eu não podia guardar isso só pra mim. E aí, bora atravessar?

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