O mundo entrou no estágio de Forming, e agora?

Samuel Cavalcante - Consultor e Trainer na K21

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Observo e estudo formação de grupos, times e equipes há um tempo. Gosto muito desse assunto, e com o tempo entendi que quando falamos de grupos estamos falando de interações sociais e como eu (indivíduo) lido com elas.

No livro Equipes Dão Certo, Fela Moscovici afirma que ao colocar um grupo de pessoas desconhecidas em uma floresta a primeira reação delas é a de buscar uma liderança. E no caso de emergir mais de um líder, o grupo pode se dividir.

Nesse processo de junção as pessoas estão buscando um espaço comum onde possam se sentir aceitas pelos outros iniciando relações sociais naquele grupo, em prol de um bem comum (comunhão).

Mas se observar por um tempo, esse grupo tende a entrar em atrito. Por que será que isso acontece? O que leva as pessoas a entrarem em atrito por questões banais como muita lenha na fogueira, estar falando um pouco mais alto ou demorando para conseguir pegar um alimento?

Esse momento é chamado por alguns autores de fase de conflito. Nele as pessoas estão buscando atender às suas necessidades pessoais. Ou seja, a comunhão está em cheque pois “eu preciso disso mais do que você”, ou “sei mais disso do que o outro”, ou “nossa, estou cansado, me deixa no meu canto”.

Forming , Storming, Norming, Performing e Adjourning

Tuckman desenvolveu algumas pesquisas que classificam essas relações sociais em grupos conhecidos como: Forming (Formação), Storming (Confrontação), Norming (Normatização), Performing (Atuação) e Adjourning (Dissolução).

Atenção: É importante pensar nessas fases como um norte, e não como uma verdade absoluta, até porque estamos falando de relações sociais e existem muitas variáveis em jogo.

Um pequeno resumo de cada uma das fases:

  • Forming: Momento no qual iniciamos as relações sociais, o grupo está em falsa harmonia, pois aceito tudo mas não sei como as coisas funcionam ainda.
  • Storming: Começo a buscar meu espaço nesse campo social. Estou com necessidades individuais não atendidas. Quero saber qual é o meu espaço. É a fase onde conflitos emergem continuamente.
  • Norming: Consegui entender qual é meu espaço e agora consigo ajudar focando no bem comum. Sei quem são as lideranças situacionais e onde devo ajudar. Nessa fase os objetivos estão alinhados.
  • Performing: Baixo conflito e alto resultado, parece que tudo é natural.
  • Adjourning: Quando o grupo se desfaz por qualquer motivo.

Usada como um norte mais do que uma regra, podemos expandir a visão de Tuckman. Pense nos seus relacionamentos (amorosos, familiares, amigos, trabalho). Eles também são uma formação de grupos que vivem dos interesses individuais versus coletivos.

Usamos como um norte porque qualquer mudança nesse ambiente social leva a relação para o estado inicial de formação. Se entrou uma pessoa nova no campo social, ou saiu uma pessoa do campo, ou mudou de local, alguém começou a namorar, ou teve uma filha, ou…

Em suma, quando muda o campo social as interações mudam e precisam de uma atenção diferenciada. Um exemplo que gosto de trazer: quando um casal tem filhos, a entrada de uma criança em casa muda todas as relações sociais, levando o casal para o estágio de formação novamente.

O estágio de Forming

Quando surgiu o isolamento social devido à COVID-19, mudou a forma de se relacionar de todo o mundo. Times de trabalho, famílias, empresas inteiras provavelmente entraram ou em forming ou em storming.

Exemplo: casais que se davam muito bem estão em pé de guerra, mães e filhos podem estar estressados pois os espaços estão sendo invadidos, mudou a rotina de quem ajuda no que, até animais de estimação ficam estressados com essa mudança abrupta.

A adaptação vai ser constante e vamos trafegar entre fases, ainda mais com a possibilidade de retorno ao presencial.

Confira a seguir algumas dicas/sugestões do que fazer nesse caso.

Faça acordos

Crie acordos de convivência, uma lista de combinados que seja de comum acordo a todos do grupo, para todos os casos. O famoso “combinado não sai caro”.

Exemplo: Aqui em casa fizemos uma lista de atividades diárias e atividades semanais, e cada um escolheu quais atividades iria assumir. Na empresa, combinamos de dar visibilidade de agendas de forma automática e começamos a fazer reuniões diariamente no início do dia.

Respeite o espaço das pessoas

Se a pessoa está quieta em um ambiente ou em um grupo de trabalho, respeite-a. Você pode perguntar se ela prefere ficar na dela ou quer conversar, mas não vale forçar a barra.

Exemplo: Tenho os momentos em que a esposa fica na TV para se desligar do trabalho, então deixo ela lá e vou fazer outra coisa, sei que ela está bem e só quer desconectar.

Promova boas perguntas para o time

Faça as pessoas refletirem por que estão incomodadas, deixe sair o sentimental e dê espaço para as pessoas falarem. Isso vai aumentar a segurança nas relações.

Agora que você conhece um pouco mais sobre o assunto, tente praticar em casa e no trabalho, faça acordos, crie brincadeiras e deixe clara uma forma de respeitar os momentos de cada pessoa do grupo.

Depois conte para nós como está sendo!

E se quiser se aprofundar nesse assunto, participe do curso online Gestão de Times Online! Nele falamos sobre como ajudar os colaboradores a continuarem produtivos e motivados no cenário online, além de preparar você com as melhores práticas de mercado, ferramentas e dinâmicas para dar visibilidade ao trabalho buscando um time mais performático em um cenário distribuído.

Samuel Cavalcante - Consultor e Trainer na K21

Sobre o autor(a)

Agile Expert e Trainer na K21

Agile Expert e Trainer na K21, Samuel é Engenheiro de Computação e Especialista em Engenharia de Sistemas. Descobriu ser apaixonado por trabalhar com pessoas, comunidades e cultural organizacional. Atuou em várias áreas destacando-se como professor universitário, analista em educação no Senac e até mesmo como empreendedor em startups, sempre aplicando conceitos de agilidade. Em 2013 mudou a carreira para atuar como Scrum Master, desenvolvendo competências de facilitação de equipes, gestão de conflitos, coaching e gestão estratégica. Em 2016 entrou na K21 e desde então vem dedicando-se exclusivamente como Agile Expert e Trainer.

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